Correio Central
Voltar Notícia publicada em 21/07/2015

Médica é afastada por enviar homem vivo para necrotério

O engano só foi percebido porque uma pessoa que passou pelo necrotério registrou o movimento de respiração no lençol que cobria o corpo do paciente. Vitalino morreu de fato nesta segunda-feira (20).

O Pronto-Socorro (PS) de Cuiabá afastou a médica responsável por atender o homem de 58 anos que foi encaminhado com vida ao necrotério da unidade na última sexta-feira (17). A profissional registrou em relatório a morte do paciente Vitalino Ventura da Silva quando ele ainda estava vivo. Nem o PS nem o Conselho Regional de Medicina (CRM) divulgaram o nome da médica.

 
O engano só foi percebido porque uma pessoa que passou pelo necrotério registrou o movimento de respiração no lençol que cobria o corpo do paciente. Vitalino morreu de fato nesta segunda-feira (20).


Internado no PS de Cuiabá no dia 15, Vitalino sofreu duas paradas cardiorrespiratórias na sexta. Ele foi reanimado após a primeira, mas, depois da segunda parada, foi dado como morto e encaminhado ao necrotério da unidade de saúde.


Ele foi colocado em uma maca no necrotério e coberto por um lençol branco. Um rapaz que passava pelo setor notou os movimentos de respiração no lençol e os registrou em vídeo.


Sindicância


De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), além do afastamento da médica que declarou o óbito indevidamente, será aberta uma sindicância para apurar a conduta dela e de outros dez funcionários que estavam de plantão no atendimento do paciente (outros dois médicos, seis técnicos de enfermagem e dois enfermeiros). Eles não devem, entretanto, ser afastados devido à sindicância.


Por outro lado, caso seja constatada alguma irregularidade na conduta dos profissionais, eles poderão sofrer processos administrativos.


Além da investigação interna, o caso ainda deve ser apurado pelo CRM, pelo Conselho Regional de Enfermagem (Coren) e pelo Ministério Público, que deve averiguar se ocorreu algum ato de improbidade administrativa.


O Ministério Público também solicitou investigação da Polícia Civil sobre eventuais responsabilidades criminais da equipe do PS.

 

Entenda o caso


Vitalino Ventura da Silva havia sido internado no Pronto-Socorro (PS) no último dia 15 e teve duas paradas cardíacas na sexta-feira, quando teve a morte equivocadamente atestada.


As condições do paciente, como estado das pupilas e pulso, foram descritas em relatório pela médica que o atendeu por volta das 23h de sexta-feira. “Parada cardíaca, opto por não reanimar devido à gravidade do caso e à falta de prognóstico", relatou a médica.

 

No mesmo relatório, desta vez com horário de 0h, a mesma médica registrou o retorno do paciente do necrotério. “Paciente retorna do necrotério apresentando movimentos respiratórios espontâneos”, afirma o texto escrito à mão depois que o paciente foi visto respirando sob o lençol em uma maca do necrotério.


Retirado de lá, Vitalino voltou à Sala Vermelha e, na noite de domingo, foi encaminhado à Unidade de Terapia Intesiva (UTI).


Segundo nota divulgada pela SMS, que reconheceu a falha ocorrida na sexta-feira, ele acabou morrendo efetivamente por volta das 12h desta segunda-feira, e o corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal para se averiguar a causa da morte.


A família de Vitalino deverá utilizar o laudo do Instituto Médico Legal para tomar as medidas judiciais cabíveis, caso seja apontada alguma negligência no atendimento a ele. A suspeita da filha Janaina Maria Ventura da Silva é de que não foi dada a assistência ideal ao pai. “Empacotaram meu pai vivo. Isso é um absurdo!”, revoltou-se.


 

Fonte: G1 MT

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