Correio Central
Voltar Notícia publicada em 03/05/2017

Moradores de Machadinho são presos acusados de serem os matadores da chacina no Mato Grosso

Tio e sobrinho presos confessaram participação, e um madeireiro é o principal suspeito de ter ordenado a matança

Um empresário do ramo madeireiro e mais três pessoas tiveram a prisão decretada por suspeita de participação na chacina ocorrida na Gleba Taquaruçu do Norte, em Colniza, a 1.065 km de Cuiabá, no último dia 19. Dois deles foram presos. Um no domingo (30), no Distrito de Guatá, em Colniza, e outro nesta segunda-feira (1º), no Distrito de Tabajara, em Machadinho D’Oeste (RO), como informou a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp).

O assassinato de nove moradores da comunidade rural teria sido motivado por uma briga pela exploração ilegal de madeira na região.

Os presos, Pedro Ramos Nogueira e Paulo Neves Nogueira, tio e sobrinho, disseram à polícia que foram contratados para cometer os crimes, que, segundo a Sesp, teriam sido a mando do empresário que está foragido. No entanto, não informaram quanto receberam.

No celular de um deles foi encontrado o contato de outro suspeito da chacina. Existe um quarto suspeito de executar as vítimas, que ainda não foi identificado. Eles foram localizados com base em informações de testemunhas, que presenciaram as execuções.

Os autores devem responder por homicídio qualificado e associação criminosa.

A Sesp informou que a polícia está mantendo contato com o advogado do empresário para que ele se entregue.

Segundo a Sesp, a Cooperativa Agrícola Mista de Produção Roosevelt vendeu parte da área, localizada na gleba, para um fazendeiro. Depois, a cooperativa foi desfeita e uma nova associação foi formada. E essa nova associação passou a reivindicar parte da área de 42 mil hectares vendida irregularmente. Atualmente, 15 mil hectares estão ocupados pelos trabalhadores rurais.

Uma equipe de 50 policiais continuam no local para manter a segurança.

Entre os mortos na chacina está o pastor da Assembleia de Deus Sebastião Ferreira de Souza, de 57 anos. A polícia disse que ele foi o mais torturado entre as nove vítimas. Sebastião foi degolado e tinha vários hematomas pelo corpo, além de um corte com facão na cabeça.

A área onde os corpos foram encontrados é alvo de disputa judicial há 10 anos entre a Cooperativa Agrícola Mista de Produção Roosevelt (Cooperrosevelt) e o dono de uma fazenda.

Na ação, os cooperados alegaram na ação que os trabalhadores rurais haviam sido expulsos da área por homens fortemente armados e tiveram as plantações destruídas, além de terem sofrido ameaças. Em 2006, um fazendeiro foi preso durante operação policial, suspeito de ter mandado expulsar de forma violenta os trabalhadores da área.

Francisco Chaves da Silva, de 56 anos, um dos trabalhadores assassinados no dia 19 havia sido torturados há 11 anos em Taquaruçu do Norte por conflitos de terra, como informou à época a Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso.

Chacina
No dia 19 deste mês, nove trabalhadores rurais foram torturados e mortos em Taquaruçu do Norte. Além de Francisco Chaves da Silva, também foram vítimas Izaul Brito dos Santos, 50, Ezequias Santos de Oliveira, 26, Samuel Antônio da Cunha, 23, Francisco Chaves da Silva, 56, Aldo Aparecido Carlini, 50, Edson Alves Antunes, 32, Valmir Rangeu do Nascimento, 55, Fábio Rodrigues dos Santos, 37, e o pastor da Assembleia de Deus, Sebastião Ferreira de Souza, 57.

Fonte: G1 MT

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