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Voltar Notícia publicada em 09/04/2017

Pesquisa realizada na CEPLAC de Ouro Preto estuda besouro que se alimenta de isopor, sofá velho, e retira lixo da natureza

O Tenébrio consome isopor de poliestireno não biodegradável e ainda é usado até em receita de pão de queijo e vários pratos

Por Edmilson Rodrigues - Rondônia contribui para as pesquisas sobre a possibilidade de uso de larvas do besouro da espécie Tenébrios (Tenebrio molitor), conhecido por “bicho-da-farinha”, no processo de destruição de materiais não biodegradáveis que são jogados no meio ambiente.

A grande maioria das espécies do gênero são besouros que se alimentam também de isopor, é capaz de degradar o poliestireno com uma potente bactéria existente na sua flora intestinal. A larva do inseto ao se alimentar transforma a matéria prima de seu alimento em um produto orgânico que pode ser utilizado como adubo.

A Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC) em Rondônia, do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), mantém pesquisas nesse sentido na Estação Experimental de Ouro Preto do Oeste onde existem duas espécies de insetos do gênero Tenebrio  que são utilizadas como dieta alimentar para a criação de insetos predadores. As larvas dos insetos também podem ser utilizadas para multiplicação de nematóides benéficos.

O estudo do comportamento do Tenebrio é coordenado pelo pesquisador da Ceplac Olzeno Trevisan, graduado em Engenharia Agronômica, com Mestrado e Doutorado em Entomologia pela USP- Universidade de São Paulo, auxiliado pelo acadêmico de Ciências Biológicas Leandro Ezequiel Oliveira, do Ceuji/Ulbra. De acordo com Trevisan, essa colônia de bicho-da-farinha foi repassada para a CEPLAC pelo Instituto Biológico de São Paulo durante um Congresso de Entomologia realizado em Goiás.   

Na colônia da estação experimental em Ouro Preto, esses seres vivos são usados para teste de biodegradação de isopor e outros materiais de difícil decomposição. O Tenébrio é muito utilizado na alimentação de pássaros, mas a partir da descoberta da sua capacidade de degradar o poliestireno, publicada na revista da Environmental Science and Technology, o foco da pesquisa passou a estudar a possibilidade de a larva ser utilizada na retirada de lixo do meio ambiente. “Introduzido em um lixão a céu aberto, essa espécie pode atuar acelerando a decomposição dos materiais mais resistentes, principalmente artefatos que tem couro animal, espuma de colchão, sofá, caixa com resquício de isopor, restos e grãos de cereais seco. Ele não é muito de umidade”, faz a observação.

Todavia, explica o pesquisador Olzeno, dificilmente o Tenébrio vai se manter em alta população nos lixões porque ainda em estado de larva ele vai ser procurado por seus predadores que são aves, repteis (lagartixa e iguanas) e por nematóides. Outro problema ainda sem solução é que, solto em grande quantidade na natureza, o inseto poderá atacar silos e depósitos rurais onde tenha ração de peixe, por exemplo.  E Apesar de toda essa eficiência outro fator negativo é que as Larvas do Tenébrio ao quebrar moléculas de poliestireno liberam CO2, o gás do efeito estufa na atmosfera produzindo fezes e biomassa.

 Alimentação humana

O Tenébrio além de servir de alimento predileto na natureza, de pássaros, e de isca de peixe, também é apreciado na alimentação humana. Em um Congresso ocorrido em Cuiabá (MT), foi feita uma demonstração do uso do inseto na alimentação humana. Os participantes puderam conhecer e degustar uma dieta a base de farofa de Tenébrios, chocolate com Tenébrios desidratado mergulhado na calda, entre outros. 

ENTOMOLOGISTA OLZENO TREVISAN TEM VÁRIAS PUBLICAÇÕES EM INGLÊS E PORTUGUÊS 

  

PAO DE QUEIJO FEITO COM LARVA DE BESOURO TENÉBRIO MOÍDA

COLEÇÃO DE INSETOS DA CEPLAC DE OURO PRETO DO OESTE; ALUNOS VISITAM O LOCAL

Fonte: www.correiocentral.com.br

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