Correio Central
Voltar Notícia publicada em 29/06/2017

Mulher vai receber R$ 8.000 de ex casado que a enganou

Eu comecei a observar isso até por conselho das minhas filhas. Chamava a atenção delas o fato de eu nunca ser apresentada aos parentes dele

Viagens românticas, idas ao cinema e passeios em família. Durante os 14 meses em que uma assistente administrativo, de 48 anos, e o ex-namorado dela, da mesma idade, se relacionaram, em Juiz de Fora, na Zona da Mata, tudo parecia uma bela história de amor. Porém, como no enredo da novela “Café Com Aroma de Mulher”, o lindo romance não passava de uma aventura para o economista.

Casado, ele viveu o romance clandestino ao mesmo tempo em que mantinha um outro relacionamento, de papel passado, iniciado na década de 90. Inconformada com a traição, Ana* acionou o ex na Justiça e agora irá receber dele uma indenização de R$ 8.000 por danos morais. Ainda cabe recurso.

Assim como na novela, em que Lúcia Vallejo começou a desconfiar das aventuras de Miguel, Ana passou a estranhar o fato de o namorado nunca a levar a festas da família dele. Sempre que ela o questionava, recebia desculpas: “Eu comecei a observar isso até por conselho das minhas filhas. Chamava a atenção delas o fato de eu nunca ser apresentada aos parentes dele. Foi aí que comecei a perceber as mentiras”, conta.

Como o economista sempre entrava em contradição na hora de dizer porque ela não podia conhecer os familiares dele, Ana resolveu dar um basta na relação. Ela, porém, persistiu com a “investigação” sobre a história do ex. “Com a placa do carro dele, eu fui até a concessionária e pedi o contato dele dizendo que ele tinha batido o carro com o meu. Eles me deram o endereço, e eu liguei para uma vizinha. Ela, então, me disse que um casal morava no apartamento e que a esposa ficava fora a maior parte do tempo porque morava em São Paulo”.

Após entrar em contato com a esposa do ex-namorado e comprovar a história, Ana resolveu processar o economista. Nas audiências, ela confirmou que o ex era casado desde 1999, e que ele aproveitava dos fins de semana sem a esposa para curtir a vida com Ana.

*Nome fictício


ENTREVISTA

'Me senti um fracasso'

Ana*
Assistente administrativo, de 48 anos

Como você conheceu o seu ex-namorado? Ele dizia ser solteiro?

Eu o conheci por meio de um site de relacionamentos e, desde o início, quando eu perguntei sobre isso, ele disse que era solteiro, que havia se separado há cerca de quatro anos e que estava sozinho.

Quando você começou a perceber que as coisas não eram bem como ele tinha te contado?

No início, eu não fazia muita questão de conhecer a família dele, porque eu tinha acabado de sair de um casamento e acha que as coisas deveriam amadurecer um pouco antes de chegar a esse ponto. Daí ele já fazia parte da minha vida. Ajudou a escolher o apartamento que comprei, o carro, frequentava minha casa, viajava comigo, convivia com minhas filhas. E aí, depois de uns oito, nove meses, eu achei já que estava na hora de conhecer os pais dele, a família, onde ele morava. Ele sempre tinha uma versão diferente pra isso, pra justificar não me levar para conhecer a família dele. E então eu comecei a observar melhor e a perceber as mentiras.

Em nenhum momento você desconfiou que ele poderia ser um homem casado?

Eu pensava: ‘como ele é casado, se dorme na minha casa, se passamos a noite fora, se viajamos juntos?’. Homem casado não tem essa disponibilidade. Eu não acreditava que era isso até o momento em que a vizinha disse que era. A gente frequentava lugares públicos, bares, cinema, até lugares conhecidos aqui de Juiz de Fora.

E porque você então decidiu processar ele?

Olha, depois de eu entrar em contato com a esposa dele, a gente conversar, ela seguir a vida dela e eu seguir a minha, eu conversei uma vez com uma amiga minha, que é advogada. Eu contei para ela que estava muito triste e deprimida e relatei a história que eu tinha passado. E ela falou: ‘olha Ana, eu acho que, se você tiver provas, a gente podia processá-lo. Eu acho que ele tem que ser punido por isso. A gente tem que mostrar pra ele que você sofreu. A gente até acreditou que nem fosse ganhar o processo.

O que você sente agora que ele foi punido por isso?

Na época da descoberta, eu me senti um verdadeiro fracasso. Pensei: ‘como eu passei por isso, acreditei neste conto do vigário?’. Hoje, não chega a ser uma indiferença, mas eu sinto, sim, certo alívio por ter sido reconhecida, por no fim de tudo a minha verdade ter sido reconhecida. (BI)


Remédios e terapia pela decepção

Antes do namoro com o economista, Ana havia se separado de um primeiro casamento considerado difícil por ela. Por isso, a segunda decepção amorosa acabou levando-a um ciclo de sofrimentos psicológicos. “Isso me causou muito desgaste, eu fiquei muito tempo sem sair de casa, precisei de usar remédios e até de fazer terapia. Eu estava imensamente frustrada por, mais uma vez, ter me decepcionado dessa forma”, conta a assistente administrativo.

Além de se cuidar, Ana evitou comentar a história com amigos e familiares, a fim de evitar que a família dela sofresse duplamente com a história. “Nem toda minha família sabe dessa história. Irmã e primas sabem, mas para minha mãe eu preferi não contar. Eu quis poupá-la disso porque ela gostava dele. Minha mãe o recebeu na casa dela e tinha pedido que ele não me decepcionasse”, comentou. (BI)

Autor: BRUNO INÁCIO. 

Ilustração: imagens engraçadas

Fonte: O Tempo

Leia Também