Correio Central
Voltar Notícia publicada em 17/07/2017

Tratado de Petrópolis, de 1903, viabiliza em RO exportação de produtos bolivianos pelo canal do Rio Madeira

Canal do Rio Madeira permite exportação de castanha e madeira para Bélgica, França e EUA; bolivianos querem agora plantar soja, cacau e açai

EDMILSON RODRIGUES - Graças ao Tratado de Petrópolis, um acordo de paz assinado entre Brasil e Bolívia em 17 de novembro de 1903, o canal da hidrovia Rio Madeira-Amazonas, a partir do porto público de Porto Velho, se tornou estratégico para os empresários bolivianos exportarem produtos florestais da castanha, a madeira e soja (experimental) para a Bélgica, a França e a costa leste dos Estados Unidos.

Esta parceria de uso da combinação de transporte multimodal caminhão-navio-barcaça é possível hoje graças a uma parceria firmada entre o governo de Rondônia com o governo de Beni, na Bolívia, e a participação do Grupo DBX que oferta serviços de logística e transporte diferenciados.

Após a guerra no Acre, o Brasil se comprometeu em construir uma ferrovia entre Riberalta e Porto Velho (Madeira-Mamoré Railway Company LTDA) para escoamento da borracha, e o acordo previa a permissão para a Bolívia usar rios brasileiros com benefícios tarifários para o transporte de mercadorias para o Atlântico e construir pontos de alfândega nas cidades de Corumbá, Belém e Manaus.   

Em maio, representantes da Câmara de Exportadores do Noroeste boliviano (Cadexnor) tiveram várias reuniões com o Grupo BDX de Porto Velho no Salão Empresarial internacional montado pela SUDER na ocasião da 6ª edição da Rondônia Rural Show, em Ji-Paraná, e definiram pela ampliação da exportação de castanha e madeira pela rota Rio Madeira até Manaus.

A previsão de movimentação de mercadorias dessa rota do Madeira é de 150 contêineres por mês, a maioria de castanha, as cargas vão direto para o Reino Unido na Europa, numa redução de custo de 120 dólares por container e a viagem dura 27 dias, 10 dias a menos que pela rota anterior.

O canal navegável do Rio Madeira se tornou estratégico para empreendedores bolivianos escoarem a sua produção até o porto de Manaus, e de lá realizarem o transbordo para todas as partes do mundo.

A partir de uma parceria com o governo estadual o Grupo BDX que iniciou em 2013 com a atividade de extração, comércio e exportação de florestas plantadas, hoje se tornou uma empresa privada com o único porto alfandegado do estado de Rondônia com condições legais de importar e exportar mercadorias, por ter um terminal assistido pela Receita Federal, MAPA e Ibama dentro do complexo da SOPH (Sociedade de Portos e Hidrovias de Rondônia) que opera com liberação aduaneira de contêineres para exportação.

Marcelo Pantoja, presidente da Associação de Produtores de Sementes Oleaginosas e Trigo (ANAP), destaca que a viabilidade do uso canal navegável a partir de Porto Velho, concebido pelo Tratado de Petrópolis, é uma alternativa para produtores bolivianos que planejam despachar pelo Porto público de Porto Velho um lote de soja experimental para testar os benefícios dessa integração comercial.

Agustín Vargas, presidente da Cadexnorte, vê na hidrovia do Madeira um alívio para o setor castanheiro boliviano que anualmente gera 187 milhões de dólares e o renascimento de operações de comércio exterior está gerando expectativas, e há investidores do lado da Bolívia realizando estudo de solo para plantar soja, cacau e açaí.    

EMBARCAÇÕES SAEM DE PORTO VELHO COM DESTINO A MANAUS COM MERCADORIAS

INVESTIDORES BOLIVIANOS ESTÃO ANIMADOS COM A VIABILIDADE DO CANAL DO MADEIRA  

 

Fonte: www.correiocentral.com.br

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