Correio Central
Voltar Notícia publicada em 08/12/2015

Brasil permite uso de 22 agroquímicos banidos em outros países

até agora cinco foram banidas: cihexatina; endossulfam; forato; metamidofós; e triclorfom. Ainda outras duas foram mantidas no mercado (com restrições de uso): acefato e fosmete.

O Brasil permite, atualmente, a utilização de 434 ingredientes ativos na formulação de defensivos agrícolas. Entre os mais utilizados, 22 deles estão proibidos em outros países – alguns na União Europeia (UE) e outros nos Estados Unidos –, de acordo com levantamento divulgado pela agência alemã Deutsche Welle.


A publicação cita “entraves políticos e jurídicos” como os principais fatores para que essas substâncias continuem a ser aplicadas nas lavouras brasileiras. 


A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) iniciou em 2008 um processo de reavaliação de 14 substâncias que são usadas na formulação de mais de 200 agroquímicos. Dentre essas, até agora cinco foram banidas: cihexatina; endossulfam; forato; metamidofós; e triclorfom. Ainda outras duas foram mantidas no mercado (com restrições de uso): acefato e fosmete.


“Poucas foram proibidas porque a indústria do agrotóxico, o Ministério da Agricultura e os fazendeiros fazem pressão para o processo de revisão não andar. Fabricantes de alguns produtos entraram na Justiça e conseguiram liminares para parar a análise”, afirmou Wanderlei Pignati, pesquisador da Universidade Federal de Mato Grosso à DW Brasil.


No Brasil, a responsabilidade pela liberação e registro de agroquímicos é dividida entre três órgãos federais: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Anvisa (ligada ao Ministério da Saúde) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente).


“Observa-se, porém, uma grande deficiência do Estado em controlar o uso de agrotóxicos, além de uma grande dificuldade em retirar os produtos do mercado depois que eles ganham o registro. Isso acontece porque o registro de agrotóxicos não tem validade. Em outros países, após um tempo de registro, as empresas devem apresentar reavaliações toxicológicas e novos estudos para provar novamente que o produto é seguro. Infelizmente, o mesmo não ocorre no nosso país”, afirma Marcia Sarpa de Campos Mello, toxicologista do Instituto Nacional do Câncer (Inca).


A ministra da Agricultura, Katia Abreu, defende o uso de defensivos agrícolas afirmando que o Brasil possui características climáticas muito diferentes em relação a outros locais do mundo, o que o torna um local propício para o desenvolvimento de pragas. “Usamos agroquímicos não porque gostamos de gastar um pouco mais produzindo alimentos; usamos como os humanos usam medicamentos: para combater pragas e doenças nos alimentos”, completou.

 

Fonte: Agrolink

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