Correio Central
Voltar Notícia publicada em 12/02/2019

Ouro Preto: aluno de 9 anos da Escola Fernando Azevedo morre de câncer raro

Luiz Gustavo sentiu uma fisgada na virilha, dois meses e meio depois faleceu de um câncer ósseo maligno e sem cura.

Sepultado em Ouro Preto do Oeste (RO) na manhã de domingo (10) o corpo de Luiz Gustavo Vidal, de nove anos de idade, estudante da Escola Municipal Fernando de Azevedo, no Jardim Novo Horizonte, que faleceu no Hospital de Amor em Porto Velho onde aguardava num leito por um milagre que o livrasse de um câncer ósseo maligno que tomou conta de todo o seu corpo.

O corpo do estudante chegou a Ouro Preto do Oeste no sábado (9), o velório iniciou às 19hs e o sepultamento ocorreu na manhã de domingo, às 10hs.

No final do mês de novembro, o menino sentiu o desconforto de uma fisgada de dor entre o quadril e a virilha após jogar futebol na escola, ele e o pai acharam que se tratava de uma distensão muscular.

Após consulta no Posto de Saúde do bairro, foi solicitado vários exames no garoto, mas uma ressonância magnética revelou o diagnóstico de um câncer infantojuvenil raro que ainda não tem cura. Dois meses e meio depois, Luiz Gustavo faleceu.

Luiz Gustavo é filho do casal, o pedreiro Adeilton Vidal Oliveira de 41 anos, e a dona de casa Poliana Vidal que residem na rua Agmar de Souza Piau e frequentam a Igreja Batista do Jardim Novo Estado, na Rua Getúlio Vargas, localizada em frente à quadra de esportes.   

Luiz Gustavo era um menino estudioso, sua dedicação era um orgulho para a escola

Segundo o pai, os médicos de Barretos informaram que o câncer era irreversível, se aplicasse medicamento quimioterápico seu filho morreria, e o melhor para família seria trazer Luiz Gustavo para o Hospital de Amor da Amazônia em Porto Velho e manter o tratamento dele à base de medicação para aliviar as dores ósseas que o menino sentia.   

“Os médicos de Barretos disseram para nós que como ele estava consciente, e conversando, orientou que a gente o trouxesse para a nossa cidade que todos iam vê-lo ainda vivo”, recorda-se Adeilton.

Os pais voltaram com Luiz Gustavo para o Hospital de Amor em Porto Velho, onde por 30 dias o menino tomou medicação para suportar a dor forte, pois a doença se espalhou pelas juntas do seu corpo até ele não resistir mais.

Ainda segundo o pai do garoto, no mesmo avião que eles retornaram para Rondônia uma família regressava com um adolescente de 12 anos acometido da mesma doença, que surgiu de uma dor no joelho. “Cortaram a perna do menino de Manaus, mas o câncer já tinha subido e tomado conta do corpo dele que também morreu”, lamentou.

CÂNCER INFANTOJUVENIL

Atualmente, a direção e professores da Escola Fernando de Azevedo lidam com a situação de outros dois alunos adolescentes acometidos de câncer. Um adolescente de 14 anos que apresentou um tumor na nuca realiza tratamento em Porto Velho, e uma aluna da escola faz tratamento de leucemia, e felizmente se recupera bem.

Em janeiro de 2018, a adolescente Caroline, de 13 anos, que também estudava na escola teve leucemia e não suportou o tratamento, vindo a falecer.

Segundo a direção da Escola Fernando de Azevedo, Luiz Gustavo Vidal cursava o 4º ano da sala do professor Rotinei Izabel da Silva e era um aluno aplicado; ele era um garoto imperativo, cheio de sonhos, fazia aula de música, participava de projetos sociais e falava sempre em conquistar seus ideais.  

O diretor da Escola, professor Eldino Batista Nogueira de Moura, disse que a descoberta da doença em Luiz Gustavo deixou a direção, educadores, funcionários e alunos muito abalados. “Ele já não estudou no final de novembro a partir de quando foi detectado o câncer. Toda a escola e funcionários tomou conhecimento. A mãe dele mora perto e mantinha a escola informada”, relata.

“A gente ficou na expectativa que ele voltava com vida. Assim que a gente descobriu a doença ficou um clima chato e triste. Ele era um aluno que nunca reprovou, estava no quarto ano sempre com bom desempenho”, lamentou professor Eldino.

VENDEDOR DE DINDIN E A CADELINHA MAIA

O pai Adeilton mostra o cofre da venda do dindin e a Bíblia de Luiz Gustavo Vidal 

No dia 25 de novembro, um domingo, quatro dias antes de Luiz Gustavo sentir a fisgada na virilha que diagnosticou o câncer, ele esteve no Parque do Bosque onde acontecia o Feira de Adoção de animais da Ong Amigo Animal vendendo dindin em uma caixa de isopor.

Luiz Gustavo tinha um sonho de comprar um drone, e para isso, vendia dindin na cidade e juntava dinheiro em um cofre em formato de botijão de gás. Ao tomar conhecimento da feira de adoção ele decidiu que ia adotar um animal e se encantou por cadelinha malhada que foi abandonada e levada para o canil.

Luiz Gustavo adotou a cadela e colocou nela o nome de “Maia” e, segundo o pai, os três dias seguintes a cachorrinha foi a diversão do garoto que a levava para todas as ruas do bairro amarrada a uma cordinha. Na semana seguinte, Luiz Gustavo e os pais viajaram e o menino voltou em um caixão.

A cadelinha Maia foi adotada por Luiz Gustavo no dia da feira de Adoção realizada no Parque do Bosque

O menino também participava de projetos sociais da Secretaria de Assistência Socia (SEMAS) e ajudou a confeccionar as ornamentações de Natal instaladas na via marginal da BR-364 no final do ano, na Praça dos Três Coqueiros. Ele não pôde visitar o local, pois estava em tratamento contra a doença cancerígena à qual foi acometido.

Nos dias atuais o câncer não escolhe idade, o número de crianças e adolescentes que são diagnosticados com a enfermidade cresce à proporção de diagnostico em adultos. O caso de Luiz Gustavo, serve de alerta para os pais observarem com mais atenção sintomas e dores que surgem no filho e não desaparecem. Autor: Edmilson Rodrigues. 

A morte do menino de nove anos serve de alerta para os pais, o câncer infantojuvenil tem aumentado por falta de prevenção e diagnóstico antecipado da doença

 

Fonte: www.correiocentral.com.br

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