Correio Central
Voltar Notícia publicada em 31/10/2019

Cansada de lidar com vivos, aposentada vira faxineira de túmulos

Sebastiana Campos, 70 anos, tem a limpeza da casa dos mortos como profissão há 20 anos. Na carteira de clientes, estão 35 fixos.

Os limpadores de túmulo abordam as pessoas que entram nos cemitérios de Cuiabá (MT) e tentam vender ali os serviços. Com baldes e panos de chão nas mãos, apresentam a tabela de preços que varia entre R$ 20 e R$ 200, conforme o tamanho do jazido.

A concorrência está acirrada por causa da proximidade do Dia de Finados (02/11/2019). Em outras datas comemorativas, como dia dos pais, mães e de alguns santos, a procura também estimula os trabalhadores temporários.

No meio deste grupo, está Sebastiana Campos, 70 anos. Ela tem a limpeza da casa dos mortos como profissão há 20 anos.

Na carteira de clientes, estão 35 fixos, que pagam pelo cuidado diário no Cemitério da Piedade, um dos mais tradicionais da capital mato-grossense. O restante das pessoas costuma aparecer nos feriados.

“Tem gente que tenta me roubar os clientes, mas eles já estão acostumados comigo e sempre me procuram”.

Segundo Sebastiana, a limpeza de túmulos surgiu na vida dela em um momento em que passava dificuldades. Estava desempregada e precisando muito de dinheiro.

“Eu falei com o antigo gerente, o senhor Lino. Disse que precisava de um serviço e não sabia onde procurar. Então, ele mandou eu começar a limpar os túmulos”.

Primeiro foram 2 e com o tempo, o número aumentou. Agora, ela tem o que fazer todos os dias.

Na época da estiagem, o trabalho é mais pesado porque tem muita poeira e todo dia é preciso passar pelo menos um pano.

Além da limpeza das pedras, pisos e estátuas, Sebastiana molha as flores e poli as placas.

“Nos dias normais, eu chego aqui por volta das 7h e 10h eu acabei tudo. Antes, eu era cozinheira. Tem gente que fala que eu tenho uma mão cheia e devia voltar para as panelas, mas eu digo que não quero mais trabalhar com os vivos”.

Por Carline Rodrigues

Foto:Ednilson Aguiar/ O Livre

 

Fonte: olivre.com.br

Leia Também