Correio Central
Voltar Notícia publicada em 23/01/2017

Cresce número de suicídio de crianças, alertam médicos

“Tem crescido muito, principalmente a partir de 12 anos. Inclusive de crianças de 7 e 8 anos”

Das centenas de países no mundo, o Brasil está em 16° lugar em menções a intenções suicidas nas redes sociais. O dado chama a atenção para outra tendência que tem deixado apreensivos médicos psiquiatras. O crescimento de suicídios de crianças e adolescentes.

Essa é a terceira maior causa de mortes de adolescentes no mundo, segundo dados a Organização Mundial de Saúde (OMS). “Tem crescido muito, principalmente a partir de 12 anos. Inclusive de crianças de 7 e 8 anos”, lamenta o psiquiatra André Brasil Ribeiro, estudioso do tema.

Ele credita o aumento de casos à depressão entre jovens, ao uso de drogas, inclusive psicoestimulantes como uso de ecstasy. “Utilizam álcool em demasia. A facilidade de acesso à informação e a compra desses produtos também tem facilitado bastante o contato e o volume deles ao sentimento de frustração”, diz André Brasil.

Acrescente a isso a frustração. “Adolescente hoje é acostumado a ter tudo. É a geração que tem tudo na mão. Adolescente é imediatista, quer uma resposta logo. Aí, quanto menor a capacidade de ter uma resposta boa, mais ele se frustra. Essa frustração pode levar a um quadro depressivo, a um quadro de ansiedade e ao suicídio”, explicou André, durante palestra no 34º Congresso Brasileiro de Psiquiatria, realizado em São Paulo.

Ele e outros médicos palestrantes do congresso destacaram a importância de ficar atento às mensagens publicadas inclusive em redes sociais. “Dizer aquela frase clássica de que cachorro que ladra não morde é psicologia canina. A pessoa que ameaça, que diz que quer morrer, que vai se matar, podem continuar tentando e serem bem-sucedidas”, alerta a médica psiquiatra Valéria Barreto Novaes.

“O Brasil é o 16º país no mundo em menção de suicídio e caminha para ser o terceiro até 2020”, acrescenta André, que afirma que, por dia, a página de prevenção ao suicídio disponível no Facebook é acessada 150 mil vezes por dia.

“Falar na rede social ou na internet ‘eu quero me matar’ não tem o mesmo impacto de falar para você. Você vai olhar nos meus olhos e dizer ‘não, busque ajuda’. Não vou ter o julgamento do olhar, vou ter o julgamento a escrita. Quando você está na rede social você coloca uma parte do seu afeto, as outras você perde: o contato físico, a proximidade…”

O risco da “glamourização” do problema

O médico psiquiatra André Brasil criticou também o que chamou de glamourização do suicídio nas redes sociais. Ele cita páginas que usam os termos “da depressão” em seus perfis, principalmente nas páginas de humor. “Banaliza o termo, banaliza os conceitos, e as pessoas passam a dizer que tudo é depressão. Então aí até o suicídio é glamourizado”, diz o médico.

Os médicos afirmam que a forma mais adequada para se prevenir esses casos é falar sobre eles, como acontece na campanha Setembro Amarelo, de prevenção do suicídio. “É com educação. Não tem como analisar caso a caso”, diz André Brasil.

“Até a Igreja está falando sobre o assunto. Na Bahia, a Igreja do Bonfim, que é o maior símbolo da fé do baiano, conseguimos iluminar de amarelo. Falei para o arcebispo em Salvador que não era pelo paciente que se matou, mas pelas famílias que ficaram. Vamos celebrar a vida”, exemplifica o médico-psiquiatra.

Divulgação

André Brasil diz que o Brasil é o 16º país em número de menções de suicídio

 

Fonte: gazetaonline

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