Panisoly diz em áudio que IPSM é usado como curral eleitoral e para fazer politicagem

Uma peleja entre o prefeito Vagno Gonçalves Barros “Panisoly” (PSDC) e o vereador Delísio Fernandes (PSB) está agitando as redes sociais, isso depois que eles expuseram seu posicionamento em oito áudios postados em um grupo de WhatsApp formado por servidores da prefeitura, sobre um projeto que muda o regime de escolha do presidente do Instituto dos Servidores Públicos Municipais (IPSM).

Em dois áudios, Panisoly afirma que o IPSM serve de curral eleitoral, numa indireta clara ao vereador que já presidiu o Sindicato dos Trabalhadores Públicos (STPMOP) e o IPSM, bem como indicou seus dirigentes sucessivamente depois que conquistou mandato público.  

O prefeito explica a uma vereadora e no grupo de WhatsApp sobre o projeto, e afirma que a lei é para resguardar o investimento que é um patrimônio dos servidores, que a lista tríplice visa dar oportunidade de escolha de pessoas capacitadas para gerenciar o IPSM, e que na lei há novas regras que regulam a aplicação do dinheiro do Instituto.  

“Aquilo é uma forma, praticamente posso dizer, que é um curral eleitoral onde muitas pessoas têm usado aquilo pra se eleger, pra fazer politicagem e eu não quero deixar aquilo ser usado dessa forma”, diz o prefeito no áudio, afirmando que os servidores talvez não tenham conhecimento que o IPSM perdeu quase R$ 10 milhões de reais nos últimos anos por causa de aplicações financeiras malsucedidas.    

“Tão escondendo isso de vocês dizendo que (o IPSM) deixou de ganhar, é uma inverdade e eu tô aqui explicando pra vocês”, completa o prefeito.

O primeiro áudio foi do vereador Delisio Fernandes (PSB), aliás, o único, informando no grupo de uma reunião ‘tensa’ entre prefeito e vereadores na Câmara, em seguida ele anuncia que Panisoly vai enviar um projeto na próxima terça-feira (16) para votação em regime de urgência que cria uma lista tríplice de indicados para presidir o Instituto, com a escolha final sob responsabilidade do prefeito.

Delísio diz no áudio que o prefeito vai escolher alguém a dedo e levanta desconfiança sobre o modelo de gestão que o Panisoly pretende aprovar no Poder legislativo. “Nós temos lá mais de 73 milhões de reais em caixa e nós temos que tomar cuidado. Eu não abro mão de votar, de escolher a pessoa que vai cuidar do meu dinheiro, e acredito que vocês também deverão tomar a mesma postura”, convoca o vereador.     

A partir daí, o prefeito gravou uma série de áudios, inclusive dirigido diretamente ao vereador Delísio. “A hora de contar o que realmente está acontecendo, aí todo mundo senta em cima do rabo e não passa para a sociedade. E simplesmente, quem é ‘canetado’ o vereador, não é o presidente do IPSM, é o prefeito e a prefeitura que vai ter que tirar do seu patrimônio e dos seus cofres públicos pra ressarcir a ‘cagada’ que os presidentes que passar por essa casa fazer”, disse o prefeito, em tom mais alterado.  

No final, o prefeito dirige um áudio ao vereador Delísio chamando-o de mentiroso e acusando- de agir induzindo  - “como o senhor sempre faz” - o funcionário público para colocar os servidores públicos contra a administração dizendo que o prefeito vai escolher a dedo o presidente do IPSM.

Para o site Correio Central, o vereador escreveu no seu WhatsApp: “É certo que realmente é necessário fazer mudanças na lei. Nisso ele tem razão. Mas o IPSM já apresentou essas mudanças. Agora ele quer interferir na gestão. Por isso pedi que ele fizesse um plebiscito. É o que prevê  o artigo 85 da Lei do IPSM”.  

Por fim, o prefeito publicou no grupo o relatório do Tribunal de Contas advertindo que uma das investidoras financeiras que o dinheiro dos servidores é aplicado já foi investigada pela Polícia Federal em São Paulo por suspeita de condutas delituosas tendentes a fraudar investidores e Institutos de Previdência.

No documento que o prefeito postou no grupo, há um relatório da Polícia Federal de ocorrências policiais contra a empresas de investimentos, e um gráfico apontando que o IPSM já perdeu R$ 2. 978.075,19 em investimentos aplicados nesse fundo de investimentos.

Processo 1016/17 TCE-RO

Análise da Prestação de Contas do exercício de 2016, entre os apontamentos destaca-se os Investimentos com risco atípico onde o TCE informa que não exime a responsabilidade do gestor se o investimento for aprovado pelo Conselho Administrativo, pois demanda nível elevado de conhecimento e a obrigatoriedade de certificação ao gestor.

Determinou também que deveria comunicar, no prazo de 30 dias, os seus representantes (sindicato, associações, servidores), bem como no Portal de Transparência sobre esses investimentos, uma vez que estão expostos a alto risco de prejuízo, devido à ausência de critérios de segurança, solvência e liquidez na tomada de decisão.

Demonstrou também que esses investimentos quando obtiveram rendimentos positivos, nem sequer acompanhou a inflação, sem considerar a meta atuarial que é mais 6% além da inflação.

Um desses investimentos (LEME MULTISETORIAL IPCA), inclusive foi investigada pela Polícia Federal com o intuito de praticar diversas condutas delituosas tendentes a fraudar investidores e Institutos de Previdência, conforme Inquérito Policial 004/2017 DELECOR/SR/PF/SP. Além de estar em fase de recuperação de crédito. De 2011 a 2015 esse investimento rendeu 62,14% negativo e em 2016 rendeu61,71% negativo.

Prefeito publicou ofícios do Tribunal de Contas e até relatório da Polícia Federal sobre investigação contra a empresa de investimentos:

Até o exercício de 2017 foi perdido R$ 13.881.364,99 em Investimentos. E em 2018 já foi registrado R$ 2.978.075,19.