Correio Central
Voltar Notícia publicada em 23/12/2016

Delegado de Ouro Preto comenta, em artigo, sobre ingresso na política e posição político-partidária

Neste ano, Julio Cesar foi convidado para se filiar a uma legenda e disputar a prefeitura de Ouro Preto do Oeste na eleição do dia 2 de outubro, mas não aceitou

O delegado da Polícia Civil Julio Cesar de Souza Ferreira, lotado na Delegacia Civil de Ouro Preto d’Oeste escreveu em sua página pessoal no facebook um artigo sobre especulações em torno de uma possível participação dele em processos eleitorais futuros, e expressa sua opinião pessoal sobre vários temas.

Neste ano, o delegado Julio Cesar, que tem apenas 27 anos de idade, foi convidado para se filiar a uma legenda e disputar a prefeitura de Ouro Preto do Oeste na eleição do dia 2 de outubro, mas não aceitou alegando que gosta de exercer a profissão de policial, e não se considerava preparado para disputar mandato político.

Segundo o delegado, ele tem sido questionado sobre posição partidária, se é candidato, e essas especulações aumentaram em razão de dois encontros políticos que ele teve com o vice-governador Daniel Pereira. Natural de Ouro Preto do Oeste, Julio Cesar é um exemplo para a nova geração de profissionais da cidade, pois é egresso de escolas públicas e se tornou um exímio palestrante e orientador de cursinhos para concursos públicos e vestibulares.

Confira o artigo do delegado:

SOU POLÍTICO?

Nos últimos dias, muitos têm me perguntado se vou ingressar na política e qual minha posição política. Eu entendo esse questionamento, dada a minha atividade realmente política por esses tempos. Mas devo dizer que minha atividade política é aquela voltada a buscar o melhor para meu país, estado e cidade. Não se trata de atividade político-partidária, e, no momento, não sou candidato ou pré-candidato a nada. Mesmo assim, sempre vou expressar minha opinião sobre situações políticas e chamar a atenção de todos para os destinos do nosso país e do nosso estado, nunca deixarei de fazer isso.

Quanto à minha posição política, se direita ou esquerda, sinceramente não consegui definir até hoje. Não acredito sequer nessa definição simplória e maniqueísta. Não acredito sequer (na atual conjuntura), em partido político. Acredito em pessoas e ideias. Acredito em gente que faz diferença. Não acho que todos os políticos são corruptos, pelo contrário, acredito que existam pessoas boas na política, independente do partido a que sejam filiadas (repetindo, não acredito em partido). O sistema político, sim, é um sistema podre, que busca corromper os fracos, enfraquecer os fortes e fortalecer os interesses de grupos e corporações. Isso sim tem que mudar.

Minha posição, então, qual é? Ajude-me a definir, você que entende melhor.

Eu acredito no certo (não é ética), aquilo que todos acreditam, naquilo que todo mundo sabe que é certo. Por exemplo:

Acredito na Democracia, e no seu significado, a MAIORIA define as regras que deverão ser obedecidas por TODOS. Ninguém está acima da lei, independente de sua condição econômica, ideal, opção sexual ou cargo público ocupado. Nenhum grupo merece maior atenção do estado que outro. A proteção deve ser isonômica e eficiente.

Acredito que TODOS SÃO IGUAIS PERANTE A LEI, e que assim devam ser tratados pelo Estado. Não importa se rico ou pobre, se preto,branco,índio ou amarelo, se gay ou hetero, católico ou protestante, todos devem receber do estado um tratamento igual e proporcional às suas condições.

Acredito, por outro lado, em MERITOCRACIA, e no conceito de PROPRIEDADE PRIVADA, pois o que você conseguir com seu esforço é seu e isso deve ser respeitado. Mas acredito que o Estado deva proporcionar formação e oportunidade para que todo brasileiro esteja em condições de competir.

Acredito em condições e oportunidades, que devem ser iguais, e não em RAÇA. Não acho que exista raça inferior à outra e, portanto, acho cota racial um desrespeito. Não sou nazista. Se o Estado desejar colocar os brasileiros em condições de igualdade (que é o correto), que faça isso levando em conta as oportunidades que foram oferecidas, independente de raça.

Acredito que o Estado deva proporcionar melhores condições de vida às pessoas que estão em situação de miserabilidade, por humanidade e não por questões ideológicas, é o que prevê a Carta Maior. Mas principalmente, deve assegurar oportunidades e não puro assistencialismo barato e eleitoreiro.

Acredito na urgente necessidade de melhoria na prestação dos serviços públicos, que atualmente são um lixo. Na necessidade de reforma do aparato estatal. No investimento em educação, saúde e segurança pública.

Acredito que CRIANÇA é CRIANÇA e merece PROTEÇÃO INTEGRAL e ABSOLUTA, assim como BANDIDO é BANDIDO, e deve ser tratado com os rigores da lei. Não acho a pena de morte uma opção. A morte é muito para alguns e pouco para outros. Acredito na necessidade urgente de reforma do sistema punitivo, tanto da legislação, como das polícias, ministério público, judiciário e principalmente da execução de pena.

 Por fim, acredito que um Estado forte é aquele em que a sociedade, o povo, tem total controle de todos os órgãos do Estado. Controle social. O povo paga a conta, o povo, portanto, deve controlar. Não acho que deva existir qualquer privilégio para agentes públicos, e nem poderes exacerbados e tampouco devam receber quantias vultuosas, mas sim de acordo com a complexidade de  suas funções, em correspondência com a iniciativa privada.

Essas são minhas convicções, então, não sei se sou esquerda ou direita. Se conseguir definir, me avise. Por ora, continuarei a defender isso, dentro do espaço que me cabe como cidadão brasileiro, pagador de impostos, na esperança de construir para meus filhos e netos um país melhor do que o atual.

 

Um forte aperto de mãos.

JULIO CESAR DE SOUZA FERREIRA

Brasileiro, cristão, pai de família e Delegado de Polícia.

Tags: OPINIÃO

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