O pecuarista Cezar dos Santos, 42 anos, do município de Mirante da Serra, que está preso desde o final de janeiro de 2017 por ter assassinado a sua ex-mulher Cleiziane Dias da Silva, de 31 anos, e o namorado dela, o pintor Márcio Júnior Ferreira, que tinha 31 anos, foi condenado nesta quinta-feira (22) a 31 anos de cadeia pelo Conselho de Sentença do Tribunal do Júri do Fórum da Comarca de Ouro Preto do Oeste (RO).
Cezar dos Santos vai cumprir 17 anos pelo crime de feminicídio contra a ex-companheira e 14 anos pelo assassinato de Márcio Júnior, a segunda vítima que estava se relacionando com a mulher que era agricultora e havia se separado do marido.
O crime ocorreu no dia 14 de janeiro do ano passado, Cleiziane morreu no local, enquanto o pintor que foi surpreendido e alvejado no peito morreu na noite do dia seguinte, no Hospital de Urgência e Emergência Regional de Cacoal (Heuro).
Familiares das vítimas foram ao julgamento vestindo camisetas pedindo justiça, a mãe de Márcio Júnior Ivani Teixeira Lopes estava no julgamento, e a mãe de Cleiziane, a professora Lucilene Dias da Silva com os dois netos, filhos do pecuarista, também vestiam camisa da mãe assassinada.
A avó disse que o pecuarista não ajuda nem fez mais contatos com os filhos dele, e que o filho mais velho de Cezar e Cleiziane, de 16 anos, após a tragédia apresentou problemas de dores de cabeça, no peito e de dormência nas pernas, e após exames realizados no Hospital Mater Dei, ele foi diagnosticado com um problema de saúde no coração.
O réu foi defendido por dois advogados que apelaram pela absolvição do acusado alegando que ele agiu em defesa da honra e chegaram a insinuar que Cezar atirou em Márcio Júnior porque ele poderia estar armado, e que teria sido atacado pela ex-esposa. Um advogado chegou a pedir que os jurados absolvessem seu cliente, pois ele estava tendo que criar os dois filhos de dentro da cadeia.
O promotor de Justiça Evandro de Araújo Oliveira pediu aos jurados a condenação e argumentou expondo o grau de violência empregado pelo pecuarista. Após a leitura da sentença, pelo juiz criminal Rogério Montai de Lima, Cezar dos Santos gritou para os advogados que iam recorrer da sentença.
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Filhos do casal com a avó que é professora na Linha Eletrônica, na área rural de Mirante da Serra
A professora Lucilene Dias, de 51 anos, que pedia justiça antes do veredicto do juiz, disse que vai procurar o Ministério Público porque teme pela sua integridade física e a dos seus netos; ela também fez revelações sobre a realidade da vida de sua filha que, mesmo depois de ser assassinada, teve seu nome manchado por pessoas que não a conheciam.
“Nós vivemos um momento muito difícil, eu fiquei com a guarda dos dois netos, a gente tem passado por muita dificuldade, tanto pela perda dela, como financeira. O recurso que eles recebem é somente da minha filha que é a pensão do INSS. Não recebem nenhuma ajuda por parte do pai. Eu espero, e acredito na justiça do nosso país. Eu espero que hoje nós vamos sair daqui com uma sentença à altura do que ele merece”, disse dona Lucilene a reportagem do Correio Central, num dos intervalos do julgamento.
A professora também pediu que as pessoas respeitem a memória de Cleiziane, pois ela sempre foi uma trabalhadora rural, e infelizmente teve essa situação de separação conturbada que acabou virando uma tragédia. “A vida dela foi trabalhar, ela tinha todos os documentos dela. Eu fui no Sindicato, peguei a ficha dela e dei entrada no pedido de pensão no INSS porque ela era agricultora, mas parece que ela nunca fez nada”.
FILHO DO CONDENADO SE MANIFESTA
O filho de Cezar dos Santos, com 16 anos, também se manifestou a respeito da tragédia que se abateu sobre sua família. O garoto falou que a morte de sua mãe será difícil de esquecer. “Olha, eu convivia mais com minha mãe do que com ele. Eu chegava da escola quem estava em casa era ela”.
Sobre a atitude de seu pai, de assassinar de maneira violenta a ex-companheira o adolescente foi bastante sucinto. “Eu acho que ele tinha que ter pensado na gente primeiro”.
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Fonte: www.correiocentral.com.br - fotos Edmilson Rodrigues