Correio Central
Voltar Notícia publicada em 11/07/2017

Ouro Preto: suspeito de obrigar garota de 14 anos fazer aborto e enterrar o feto é vigiado por tornozeleira

Balconista da farmácia que aplicou uma injeção na menor foi proibido de frequentar farmácias, e o feto enterrado no quintal será exumado

Um homem de 26 anos que reside na área rural em Ouro Preto do Oeste é investigado pela Justiça de supostamente ter mantido relações sexuais com uma menor de 14 aos de idade e depois de engravida-la, tê-la coagido a realizar um aborto, enterrar o feto no quintal da própria casa e a mentir que tinha caído de um cavalo, sofreu medidas cautelares de uso de tornozeleira, não fazer contato algum por celular (WhatsApp e facebook), e manter-se distante no mínimo 300 metros da adolescente e de familiares dela.

O balconista de farmácia localizada na avenida Daniel Comboni, que confirmou em depoimento ter aplicado uma injeção na menor grávida não sofreu a medida do uso de tornozeleira, mas está proibido de ter acesso ou frequentar qualquer farmácia até que a investigação e o inquérito sejam concluídos.

O delegado Julio Cesar de Souza Ferreira, que conduz a investigação, representou pela prisão do suspeito e medidas cautelares ao balconista de farmácia, o Ministério Público manifestou-se favoravelmente ao pedido de decretação da prisão e a medidas, porém na última quinta-feira (6) a juíza de direito substituta Simone de Melo impôs o uso de tonozeleira ao suspeito e o afastamento do balconista de farmácias.

A juíza também determinou que seja realizado a exumação do feto enterrado pela adolescente em sua residência a fim de comprovar o seu período gestacional, e que a partir de agora o balconista da farmácia, que sustenta ter aplicado a pedido do acusado uma injeção de dipirona na menor, seja inquirido também como investigado no crime classificado como aborto forçado e corrupção de menor.   

ENTENDA O CASO   

No dia 3 de junho a menor, que reside numa vicinal localizada entre Ouro Preto e Ji-Paraná, foi trazida a um hospital particular no centro da cidade com sangramento vaginal por uma irmã do acusado, e foi dado nome falso para que a mesma fosse atendida, e alegado que o motivo do sangramento era uma queda de cavalo.

Uma informação anônima dirigida ao Conselho Tutelar, dois dias depois, delatou que na verdade não se tratava de queda de cavalo e sim de um aborto, e que a menor havia tomado medicamentos farmacêuticos e chás naturais ordenada pelo pai do nascituro, com nome de iniciais D.S., que é filho de um capataz de uma fazenda na região.

Em depoimento à Delegacia Civil, a menor afirmou que passou a sofrer ameaças do infrator para modificar a versão do que de fato aconteceu, depois foi ao Conselho Tutelar e prestou novo depoimento afirmando que foi pressionada pelo acusado para fazer o aborto e a mentir perante a autoridade policial.

Pelo fato de a investigação ser tratada como sigilo de justiça, a menor, como ocorre em outros casos dessa natureza, revelou à polícia que está amedrontada com receio de o infrator lhe causar algum mal. Este caso, não é diferente dos crimes de pedofilia onde a vítima denuncia, o caso é sigiloso, mas o suspeito constitui advogado, tem acesso as informações e tenta mudar a versão dos fatos com coação.     

 

A menor sustenta que, além de ter sido coagida a fazer o aborto, teve ainda que enterrar o feto, familiares e pessoas próximas comentam que a adolescente foi difamada, hostilizada e taxada de “monstro” pelo ocorrido, enquanto o homem que a seduziu se passava de vítima e utilizava-se de meios financeiros para coagir toda a família.

O advogado que defende o acusado não quis se manifestar, apenas afirmou que seu cliente optou por aguardar as manifestações futuras da justiça. “Devido à complexidade do caso, e às contradições, ele preferiu não falar e só vai se manifestar em juízo, no momento oportuno”.

Entretanto, a investigação tende a ganhar novos desdobramentos, tendo em vista que o balconista de farmácia que passou de testemunha a investigado, afirmou em seu primeiro depoimento que o acusado o teria procurado outras vezes para solicitar remédios abortivos.  

Texto: Edmilson Rodrigues

Imagem ilustrativa: historiadigital.org

Fonte: www.correiocentral.com.br

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