O médico Denis césar Barros Furtado, conhecido como Doutor Bumbum, chegou a beber enquanto fazia procedimento estético em uma de suas pacientes, a Miss Bumbum do Distrito Federal, Flávia Tamayo, 20 anos. Flávia pagou R$ 40 mil para fazer bioplastia nas nádegas e coxas. Os dois beberam juntos vinho e espumante no procedimento. César está foragido depois que fez um preenchimento nas nádegas da bancária Calxito, que passou mal e morreu.
Flávia contou ao Extra que conheceu o Doutor Bumbum através das redes sociais - ele tinha mais de 640 mil seguidores no Instagram, mas a conta foi apagada após a repercussão do caso. "Ele é muito bombado e a informação que eu tinha é que ele estava legalizado e autorizado para fazer esse tipo de procedimento. No Dia das Mães, ele fez uma promoção e eu aproveitei para conseguir pagar um valor mais barato. Lembro que levei R$ 20 mil em espécie para ele e a outra metade eu transferi para a conta da namorada dele (Renata Fernandes). Não recebi nenhum tipo de comprovante, mas eu estava tão nervosa para fazer logo o procedimento que nem me dei conta disso", conta.
Foram três sessões na casa do médico, em um condomínio no Largo Sul, em Brasília. "Lembro que cheguei por volta do meio-dia e só fui atendida às 20h. Durante esse tempo, eles botam música e até oferecem vinho e espumante. Até o Denis bebeu e foi mais do que eu. Achei estranho, mas estava focada no procedimento", conta. A mãe e a namorada de Dênis estavam na casa - a mãe também está foragida após a morte da bancária Lilian e a namorada foi presa.
Acompanhada pela mãe, a modelo conta que sofreu muito com dores durante o processo de aplicação e tentou marcar o procedimento em uma clínica, sem sucesso. "Levei minha mãe comigo para que ela ficasse de olho no que ele estava aplicando em mim. O problema é que mesmo anestesiada, sofri muito durante a aplicação. Cheguei a pedir para ele parar e tentar marcar em uma clínica para que eu pudesse tomar uma anestesia mais forte. No primeiro momento, ele disse que tentaria marcar a próxima sessão em uma clínica, mas no dia combinado ele informou que não conseguiu e voltei para a casa dele. Cheguei a ter febre depois e a dor é tão grande que a gente fica com dificuldade até para andar", diz.
Outra paciente, que não se identificou, contou que o médico aceitava permutas (trocas de serviços) como pagamento e também combinava procedimentos por aplicativos de mensagens. "Como tenho uma empresa na área de construção civil em Brasília, ofereci serviços de reforma em troca de procedimentos estéticos. Ele topou e já estava tudo certo. Até combinamos de dividir o valor em dez vezes", contou a mulher ao Uol. Ela faria em agosto uma bioplastia nas nádegas. Segundo a paciente, o Doutor Bumbum não chegou a mencionar onde aconteceria a intervenção. "Ele nunca me disse se o procedimento seria em uma clínica ou na casa dele", conta.
Denis e a mãe, a também médica Maria de Fátima Barros Furtado, 66, estão sendo procurados. O Disque Denúncia oferece R$ 1 mil por informações que levem à prisão dos dois. A advogada dos dois, Naiara Baldanza, divulgou nota afirmando que é "precoce" atribuir responsabilidade a eles pela morte da bancária. "Destaco que o ordenamento jurídico pátrio estabelece que ninguém é considerado culpado antes da sentença penal condenatória e que qualquer conclusão acerca da morte de Lilian Calixo e a eventual responsabilidade do meu cliente sobre essa fatalidade é precoce", diz o texto, que classifica o ocorrido de "fatalidade".
A namorada de Denis, Renata Fernandes, que trabalhava como secretária na clínica clandestina, foi presa. Ela foi transferida hoje para um presídio no Rio. Ela negou ter participado da cirurgia.
Morte
Lilian morreu na madrugada de domingo (15) após ser submetida a um procedimento estético nos glúteos, realizado por Diego no sábado (14) em um apartamento na Barra da Tijuca, no Rio. A paciente passou mal durante o procedimento. Ela foi levada pelo próprio médico para o Hospital Barra D'Or, onde chegou em estado considerado extremamente grave e não resistiu.
As causas da morte da paciente ainda não foram divulgadas. A suspeita é de que a bancária tenha sofrido uma embolia pulmonar devido à aplicação da substância PMMA (polimetilmetacrilato), material utilizado para fazer preenchimentos corporais e faciais. O produto é aprovado pela Anvisa, mas deve ser usado em situações específicas e apenas em pouca quantidade.
Denis Furtado tem registro em Goiás e em Brasília e não poderia atuar profissionalmente no Rio sem autorização do Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro), que informou que vai investigar o caso.
Fonte: Correio 24 horas