União do Vegetal em Rondônia capacita escaladores para coleta do Cipó-mariri em árvores gigantes. Preservar a floresta é outra meta.

A União do Vegetal (UDV) realizou em Rondônia curso de treinamento inédito no Brasil de escaladores de árvores com objetivo de treinar uma equipe de coleta de Cipó-mariri, planta nativa da Floresta amazônica utilizada no preparo do chá Ayahuasca – chamada de Hoasca, que deve ser cortado de cima para baixo, e há pontos de coleta com altura superior a 40 metros.

O encerramento do curso ocorreu no Núcleo da cidade de Ouro Preto do Oeste, e a última aula prática foi na tarde do dia 16 de junho, na Praça do Bosque Municipal, em uma castanheira com aproximadamente 30 metros de altura.

A atividade de escalada reuniu dezenas de pessoas que ficaram surpresas ao verem os homens subindo tão alto amparados apenas por cordas.

0 curso foi ministrado em Ouro Preto do Oeste pelo instrutor Valentim Vanderlei Pupo, sargento reformado do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, da cidade de São Bernardo do Campo (SP), para 20 membros da UDV da cidade e dos municípios de Ariquemes, Buritis, Campo Novo de Rondônia, Jaru e Machadinho do Oeste. 16 participantes concluíram 100% o aprendizado.

Ao mesmo tempo, o aprendizado inédito no Brasil trazido dos Estados Unidos da América e já ministrado em Rondônia é um curso profissionalizante que capacita os alunos da UDV para fazer coleta de material botânico, material de biologia, estudos de ninhos de aves, e também no caso específico da entidade para fazer a coleta do cipó, além de torná-los aptos a prática de esportes como a escalada, rapel e do arborismo em árvores. Preservar a floresta é outra meta da entidade.  

O curso aplicado pela UDV em Rondônia, além da presença do instrutor capacitado atende a Norma Brasileira NR 35 que regulamenta a escalada de árvores, e o certificado entregue aos participantes foi avaliado por um engenheiro de segurança do trabalho de Pimenta Bueno que se deslocou até Ouro Preto do Oeste para fazer o acompanhamento do curso.

De acordo com o INBEP, a Norma NR 35 no item 35.1.1 estabelece os requisitos mínimos de proteção para o trabalho em altura, envolvendo o planejamento, a organização e a execução, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores envolvidos em toda atividade acima de 2,00m (dois metros) do nível inferior.    

Valentim Pipo explicou sobre a modalidade desse curso. “Automaticamente o escalador tem que chegar no topo da árvore. O objetivo desse curso é que na nossa legislação do Brasil, a NR 35, ela não contempla o arborismo. Nós pegamos o curso que é uma técnica norte-americana e europeia que chama técnica de subida de corda única”.

“Nós ministramos o curso para capacitar as pessoas a poderem chegar até a copa das árvores.  Nos Estados Unidos, eles chegam a fazer essa mesma técnica para subir em Sequoia-gigante de cem metros de altura. Nós aqui, como a vegetação da Amazônia chega no máximo a 60 metros de altura, estamos fazendo o curso para chegar a essa altura e dar segurança ao escalador”, completa.

O instrutor Valentim Pupo já deu o mesmo treinamento que até então não existia no Brasil em Cruzeiro do Sul (AC), em Brasília (DF) e na região Sudeste do país.

A UDV foi fundada em 1961 no estado de Rondônia, e hoje conta com 230 núcleos em 11 países e quatro continentes.

Fotos e texto: Edmilson Rodrigues

VEJA VÍDEO DA ATIVIDADE NA CASTANHEIRA DO BOSQUE EM OURO PRETO 

GRUPO FINALIZOU O CURSO NA PRAÇA DO BOSQUE MUNICIPAL EM OURO PRETO 

INSTRUTOR VALENTIM VANDERLEI PUPO MINISTROU O CURSO