Correio Central
Voltar Notícia publicada em 16/03/2018

Orgasmo censurado pelo YouTube

Tirado do ar clipe em que oito mulheres, de diferentes idades e cores de pele, estão se masturbando, mas sem qualquer indício de nudez.

“Não tem coisa mais bonita/ Nem coisa mais poderosa/ Do que uma mulher que brilha/ Do que uma mulher que goza”. Os versos que introduzem a letra da música “Coisa Mais Bonita”, da cantora pernambucana Flaira Ferro, são complementados por cenas de um clipe em que oito mulheres, de diferentes idades e cores de pele, estão se masturbando, mas sem qualquer indício de nudez.

Era para ser “um grito pela autoestima da mulher”, como a própria artista declarou. Mas, depois de 24 horas no ar, o vídeo acabou sendo removido do YouTube, na quarta-feira (14), por “conter conteúdo impróprio”, de acordo com a plataforma digital, só voltando a ser veiculado na tarde de quinta (15), com a indicação “vídeo com restrição de idade”.

“A gente está sofrendo uma censura explícita. Houve uma repercussão inicial muito positiva, mas também a ação de uma ala conservadora, que fez denúncias. E o YouTube removeu o clipe, o que nos deixou chocados. Existem clipes e vídeos no YouTube com teor extremamente abusivo que não estão censurados, vídeos sexualizando a mulher, por exemplo”, afirmou a cantora.

“Quando a mulher faz um trabalho artístico se colocando como protagonista do próprio desejo, vem essa polêmica, o que é uma pena e um absurdo. Por outro lado, isso só reforça o quanto essa música e esse clipe são necessários para esses tempos que estamos vivendo”, complementou.

O clipe continuou a ser exibido por outros meios, depois de ter sido removido no YouTube. “Houve uma mobilização imensa de pessoas que compartilharam a produção em redes sociais, como o Facebook. O perfil Brasileiríssimos, por exemplo, o divulgou. E o vídeo também está no meu perfil do Face e também no Vimeo”, relatou ela, que, apesar do ocorrido, queria que o clipe voltasse para o YouTube, o que acabou acontecendo na quinta-feira.

“Recebi um e-mail (da plataforma de vídeos), uma notificação, dizendo que o clipe poderia voltar desde que com classificação etária. E eu queria que ele circulasse no YouTube também, mesmo dessa forma. Quero que circule pelo máximo de vias possíveis”, contou.

Carreira. Flaira lançou seu primeiro disco, “Cordões Umbilicais”, em 2015, quando já deixava clara sua militância. “Como cantora, utilizo a arte para conscientizar as pessoas. Falar da emancipação sexual da mulher é uma questão fundamental do processo de autoestima da própria mulher, de construção de uma força interna”, afirmou.

A cantora já começou a compor músicas de seu próximo disco, a ser lançado até 2019. “Coisa Mais Bonita”, segundo ela, foi apenas um aperitivo do que virá pela frente. “E nosso grito continua”, finalizou.

Autor: Thiago Prata

O clipe continuou a ser exibido por outros meios, depois de ter sido removido no YouTube

Fonte: www.otempo.com.br

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