Correio Central
Voltar Notícia publicada em 18/05/2017

Pedreiro que virou o homem de cruz pernoita em Ouro Preto e é recebido com carinho pela população

Seu Paulo disse que Rondônia tem gente especial, mas já foi chamada na estrada de filho do cão, e de filho do diabo

EDMILSON RODRIGUES - O pedreiro Paulo Cicero de Lima Berto, 56 anos, chegou a Ouro Preto do Oeste no final da tarde da última quarta-feira (17 de maio) e dormiu no pátio do posto de combustíveis da BR-364, e na manhã desta quinta pretende seguir sua jornada.

Religioso, ele saiu de Itapevi (SP) diz que quer chegar aos Estados Unidos da América carregando a cruz de 40 quilos para convencer a Corte Interamericana de Direitos Humanos de que no Brasil há muitas pessoas inocentes pagando por crime que não cometeram.

A jornada de Paulo Cicero foi interrompida em Coxim, no Mato Grosso do Sul quando ele quebrou a perna e até tentou continuar, mas foi aconselhado a voltar a São Paulo e fazer uma cirurgia. Três meses depois, ele retornou para o Mato Grosso e continua sua caminhada.

Pulo Cícero que é pernambucano, sustenta que permaneceu 16 anos e setenta dias preso por um crime que jamais cometeu no interior de São Paulo, já no limite do município de Atibaia. Ele disse que era casado, tinha quatro filhos e oito netos, e após uma discussão com a esposa decidiu sair para procurar emprego.

Paulo afirmou que quando estava desempregado dormia na rua, e usava uma faca para matar umas galinhas que ocasionalmente ele furtava para comer, e foi justamente por estar com essa faca e por passar próximo de um cadáver foi apontado como o principal suspeito do crime, foi preso, julgado e condenado.

Após cumprir os 16 anos e sair para o regime semiaberto e depois para o aberto, Paulo resolveu fazer uma cruz e peregrinar a pé, sem dinheiro e contando com ajuda das pessoas. “Dia 17 de junho de 1993, eu saí pra procurar emprego e passei de frente a um cadáver. O cara matou, e viu eu estranho e chamou a polícia pra mim. Me enrolaram dois anos preso e me jogaram uma condenação de 21 anos. Acabaram com minha vida”, conta.

Paulo disse que após deixar a cadeia procurou o marido da vítima que ele foi acusado de tê-la matado, e teve a certeza de que não foi esse homem que o denunciou e que seu caso foi um erro da justiça, por isso peregrina em prol de pessoas inocentes que pagam por crimes que não cometeram.

Amigos e familiares de Paulo Cicero fizeram uma página para ele no facebook denominada em “busca de justiça”, aonde pessoas postam fotos com ele e o incentivam a continuar sua peregrinação. A caminhada é longa e solitária, Paulo saiu de Vilhena no dia 1º de maio, e demorou 17 dias para chegar ao centro do estado, em Ouro Preto.

Seu Paulo falou sobre sua andança em Rondônia, e apesar de afirmar que é um local de pessoas de bom coração, tem sido hostilizado quando está na BR-364 carregando a cruz. “Aqui tá tendo muita ‘zombação’ com a minha pessoa, tem muita gente boa que está me ajudando, mas tem gente que passa mor mim e me chama de filho do cão, filho do diabo”, lamentou.

Mas tem um povo especial aqui em Rondônia que fala seu Paulo não sai da estrada, não se intimida com isso seu Paulo”, completou.

Por fim, seu Paulo diz que não carrega mapa, não tem roteiro e seu guia são os caminhoneiros com quem faz amizade nas estradas, e tem fé em Deus que vai atingir seu objetivo.

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Fonte: www.correiocentral.com.br

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