Correio Central
Voltar Notícia publicada em 15/11/2016

Movimento quer separar o Espírito Santo do resto do Brasil

Além dos capixabas quererem independência, no Rio de Janeiro há o movimento O Rio é o Meu País, existe o Roraima é Meu País e em Pernambuco o Grupo de Estudo e Avaliação Pernambuco Independente – GEAPI.

Oficializado há dois anos, um movimento defende que o Espírito Santo se separe do resto do Brasil. Os membros do grupo separatista “O Espírito Santo é Meu País” já organizam, inclusive, uma consulta popular para saber a opinião dos capixabas sobre a proposta.
Na página do Facebook, o movimento divulga a consulta para o dia 10 de março de 2018 e incentiva os seguidores a votarem pela “liberdade capixaba”. Os integrantes da organização vão dedicar o ano de 2017 para conquistar adeptos.
De acordo com o publicitário Guga Lima, fundador do movimento, o grupo já conta com mais de 200 participantes ativos. Na fan page da organização, os membros argumentam que, da lista dos dez países menos corruptos do mundo, nenhum deles é maior do que o estado do Amazonas. Para o fundador, a crise política e econômica que o Brasil enfrenta nos últimos anos reforça a importância do Estado ser autônomo.
“Viajei para a Europa e reparei que nenhum país é maior que a Amazônia e qualquer país de lá é mais organizado do que o Brasil. O povo do Espírito Santo tem clamado por mudanças e não dá mais para esperar. Queremos separação”, frisa o publicitário.
Hoje, Aracruz, Cachoeiro de Itapemirim, Santa Maria de Jetibá e Venda Nova do Imigrante são os municípios com maior número de integrantes, de acordo com o fundador. A ideia é que, na consulta de 2018, todas as cidades capixabas tenham pontos de votação. O resultado será levado para os deputados federais e senadores que representam o Espírito Santo no Congresso Nacional.
“Tem gente que fala que a separação é impossível. Mas, alguns meses atrás, alguém acreditava que Donald Trump seria eleito nos EUA? Não estou defendendo o presidente eleito mas o resultado reforça que não existe isso de impossível”, provoca Guga.
A turbulência política no Brasil não é o único argumento do grupo, que diz que a autonomia do Espírito Santo é importante para preservar a identidade cultural do capixaba. Eles afirmam que os capixabas, hoje, são obrigados a cultivar a cultura de outros Estados.
“Hoje somos obrigados a tragar a cultura carioca ou baiana como se fosse a nossa. Nós temos a nossa própria cultura. As danças, as manifestações culturais deles não nos representam. E a ONU defende o princípio da autodeterminação dos povos, o que legitima nosso movimento”, diz o publicitário.
Lima afirma, porém, que o movimento capixaba não é xenófobo e que não quer a expulsão de moradores que nasceram em outros estados.
O perfil do grupo nas redes sociais também destaca, como justificativa para a separação, que o Espírito Santo é “um dos maiores produtores de petróleo do mundo”, um Estado “privilegiado pela indústria, estações portuárias e uma enorme faixa litorânea” e que “paga ao Governo Federal muito mais que o dobro do que recebe de investimentos”.
Para separar o Espírito Santo, o grupo precisa enfrentar a Constituição brasileira. O artigo 1° da carta estabelece que a “República Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal”.
Pensando nisso, cinco movimentos separatistas, entre eles o “Espírito Santo é o Meu País”, lançaram, em São Paulo, a Aliança Nacional, grupo que pode vir a se tornar um partido político e batalhar por uma mudança na lei brasileira.
Participam da Aliança, além do grupo capixaba, organizações de outros quatro estados: São Paulo (São Paulo Livre), Rio de Janeiro (O Rio é o Meu País), Pernambuco (Grupo de Estudo e Avaliação Pernambuco Independente – GEAPI) e Roraima (Roraima é o Meu País). Todos eles planejam realizar consultas semelhantes no dia 10 de março de 2018.
Forma de governo
Após a independência, a população de cada Estado teria autonomia para escolher uma nova forma de governo. “Nosso grupo tem uma preferência pela Monarquia. Temos, inclusive, contato com a família real. Mas isso será decidido depois, pelo povo. Somos democráticos”, explica.
Sobre as relações com os outros estados do Brasil, o fundador do movimento capixaba diz que os membros querem que o Espírito Santo mantenha um bom contato com os vizinhos e também com países da América Latina. “Só não queremos relação com países comunistas, que têm ligação com o PT (Partido dos Trabalhadores)”.

 

Fonte: Gazeta on line

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