Correio Central
Voltar Notícia publicada em 07/11/2015

Índio casado com mãe e filha é preso por estuprar sobrinha de 11 anos

Segundo relato feito pela criança à Polícia, ela foi convidada pelo tio para ir à uma festa que ocorria em uma aldeia vizinha, a Garças, onde foi incentivada por ele a ingerir bebida alcoólica.

Um índio da etnia Bororo, de 36 anos, foi preso pela Polícia Civil em General Carneiro, a 449 km de Cuiabá, na manhã desta sexta-feira (6), acusado de estuprar sua sobrinha, uma criança indígena de 11 anos. Segundo a polícia, o estupro ocorreu em setembro de 2014 e as investigações tiveram início imediatamente, mas a prisão preventiva do suspeito foi expedida pela Justiça apenas na quinta-feira (5).


O índio foi detido na aldeia Meruri, onde vivia com sua família e as duas esposas, mãe e filha. Ele foi encaminhado à Cadeia Pública de Barra do Garças, a 60 km de General Carneiro. De acordo com a Polícia Civil, o índio deverá permanecer preso durante toda a tramitação do processo criminal, que foi aceito pela Justiça em junho deste ano, no qual responde pelo crime de estupro de vulnerável.


O estupro foi denunciado pela mãe da vítima e confirmado por familiares. Segundo relato feito pela criança à Polícia, ela foi convidada pelo tio para ir à uma festa que ocorria em uma aldeia vizinha, a Garças, onde foi incentivada por ele a ingerir bebida alcoólica.

 

“Ela contou que passou mal por causa da bebida e acabou dormindo. Ela disse que acordou quando percebeu que era abusada e chegou a gritar, mas o suspeito tapou a sua boca com a mão”, disse a escrivã Rebeca Souza, da Delegacia de General Carneiro.


Ameaças


Segundo a polícia, o acusado era diretor da escola localizada dentro da aldeia e já havia ameaçado a vítima e os familiares. Ao G1, a escrivã Rebeca Souza informou que o suspeito foi afastado de suas funções na escola pela Secretaria Estadual de Educação (Seduc), após a denúncia do caso. Ele responde a processo disciplinar e foi designado para prestar serviços administrativos na sede da Seduc, em General Carneiro.

 

“Mas ele continuou a frequentar a escola, mesmo sendo impedido disso. Segundo foi apurado nas investigações, diversas crianças indígenas abandonaram a escola por medo dele”, afirmou.


Conforme as investigações, o índio pertencia a um dos  maiores clãs da aldeia e usava o seu poder para intimidar a todos. Segundo a polícia, todos na aldeia sentiam muito medo do suspeito, que repetia, por diversas vezes, estar acima da lei, tentando, inclusive, forjar um laudo antropológico para justificar o estupro cometido.


“Ele dizia que não acreditava que seria preso, que não iria responder pelo crime. Era de conhecimento da família e da vítima que ele queria contratar um antropólogo para forjar um laudo que justificaria a conduta dele de estupro não consensual com meninas virgem e sem a primeira menstruação. Mas isso não faz parte da cultura da etnia Bororo, tanto que os membros da aldeia repudiaram esse ato”, disse a escrivã.


Conforme a polícia, durante as investigações na aldeia Meruri, foi apurado que o índio possui duas esposas, mãe e filha. A vítima seria sobrinha da primeira esposa e prima da segunda mulher. Segundo a escrivã, há suspeitas de que a segunda esposa também tenha sido abusada pelo suspeito antes do casamento.


“Na cultura deles, esse relacionamento com mais de uma mulher é permitido. Mas o que foi dito por indígenas da aldeia é que a filha da primeira esposa teria sido estuprada para, só depois, ele se casar com ela. O que a polícia apura é que esse caso [do abuso da sobrinha] não seria um ato isolado dele. Além disso, outros casos de abuso na aldeia estão sendo investigados”, afirmou.

FONTE: G1 MT

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