EDMILSON RODRIGUES - O plantio de inhame se multiplica de maneira positiva no interior de Rondônia, e em razão dos resultados obtidos pelos produtores da região do Vale do Guaporé, percussores da cultura no estado, produtores de outros municípios da Região Central estão aderindo ao plantio do tubérculo que tem ciclo de produção de oito meses, apresenta excelente produtividade e é satisfatoriamente rentável, comparado a outras culturas.
As variedades que mais se adaptou no estado de Rondônia são o Inhame da Costa (Dioscorea cayennensis Lam.) e São Tomé (Dioscorea alata L.) alcançando grandes resultados na produção, sendo amplamente cultivados pela agricultura familiar, variando a área cultivada de 0,5 até 5,0 hectares por agricultor.
A cultura do inhame chegou ao estado de Rondônia sendo implantado inicialmente no município de São Francisco do Guaporé, na região do Distrito de Porto Murtinho, em 2005, e devido ao sucesso dos primeiros empreendedores rurais expandiram-se os plantios para Alvorada, Seringueiras e São Miguel e hoje é encarado como atividade econômica que dá excelente retorno, e apesar de ser um cultivo de considerável custo de implantação, apresenta excelente perspectiva de retorno, em se comparando a outras culturas.
O valor econômico da cultura do inhame está representado pelas raízes tuberosas que pesam em media de 01 a 05 kg, tem envolvente sabor e ótimas qualidades culinárias e alimentares, além de apresentar enorme aceitação por parte de produtores e consumidores. Hoje, toda a produção de Rondônia tem mercado assegurado nos estados do Nordeste e do Sudeste, e já há canais de exportação para os Estados Unidos, Holanda e o Paquistão.
A produção de inhame é um vetor econômico importante para essas cidades, proporciona alta rentabilidade à cadeia produtiva beneficiando o comércio de insumos, atrai compradores e exportadores da produção, gera receita para os cofres públicos e tem melhorado a qualidade de vida dos produtores rurais e seus familiares.
PRODUÇÃO
No ano de 2015, a produção de inhame nos quatro municípios produtores do Vale do Guaporé mensurada pelo Escritório Regional da Emater/RO, em área total de 562,4/ ha (hectares), foi de 6.796,25 toneladas da variedade São Tomé em 271,85/ha de área plantada, e foram colhidas 5.229,9 toneladas da variedade cará-da-costa em 290,55/ha.
A comercialização do inhame produzido em Alvorada d’Oeste, Seringueiras, São Miguel do Guaporé e São Francisco do Guaporé, movimentou R$ 26.303.515,00 na economia desse bloco de municípios. A variedade de inhame da cará-da-costa (Dioscorea cayenensis) vendida a um preço superior em mais de três vezes que o São Tomé, foi comercializada ao preço médio de R$ 54,00 a arroba, e responsável por R$ 18.827.640,00 dessa arrecadação.
COLHEITA DE INHAME EM MUTIRÃO NA REGIÃO DO VALE DO GUAPORÉ
O município de Seringueiras com 150 produtores liderou no ano passado a produção com 225 hectares de área plantada, colhendo 2.835 toneladas da variedade da Costa e 1.687,5 toneladas de inhame São Tomé movimentando na economia local R$ 12.062.250,00. São Francisco do Guaporé ocupa a segunda posição com 110 produtores de inhame que ano passado produziram 3.203,2 toneladas das duas variedades em 154/ha de área plantada e movimentou R$ 7.681.520,00 na economia local.
EMATER ENSINA COMO PLANTAR INHAME
Como já está comprovado que Rondônia produz excelentes tubérculos de inhame, produtores estão buscando aprimorar a produção do plantio ao arranquio, e durante o Seminário Rural - Informação Hoje, Grandes Resultados Amanhã, ocorrido nos dias 19, 20 e 21 de outubro de 2016 em Alvorada do Oeste, os plantadores de inhame da região do Vale do Guaporé puderam aprimorar o conhecimento, e atualizar informações preciosas que vão ajuda-los a corrigir erros e falhas no lido com a cultura.
O Seminário realizado pelo Sebrae/RO em parceria com o Governo do Estado trouxe ao evento o pesquisador Almir Dias, do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) que coordena ações voltadas para o melhoramento genético da cultura e trabalhos de aprimoramento de adubação, fertilidade do solo, práticas culturais e na condução da cultura. O engenheiro agrônomo Geovane Tomiazzi Soares, gerente local da Emater em Alvorada, apresentou os números positivo e as perspectivas para a cultura.
Escolha da área e análise de solo
A área a ser trabalhada deverá ser escolhida de maneira que facilite o acesso de pessoas, máquinas e facilite o escoamento da produção, devendo ser observado o tipo de solo para plantio da cultura. A amostragem é a principal etapa do processo de avaliação da fertilidade do solo e recomendação para calagem e adubação, é importante a seleção de área homogênea e a análise de solo é fundamental para o sucesso da roça de inhame.
Calagem e adubação de plantio
A cultura se adapta melhor em solos arenosos ou de textura média, sendo uma das culturas tolerante a acidez, conseguindo produzir em solo com pH 5,0. Caso necessário pode-se praticar a calagem, elevando a saturação de base a 60%. A calagem contribuirá para a disponibilidade de nutrientes para a cultura.
Escolha das túberas-semente
O material de propagação (muda) deve apresentar alto padrão de qualidade e isenta de sintomas de nematóide. A propagação do inhame se dá pelo uso de túberas-semente inteiras ou partidas.
PLANTIO
O plantio do inhame é realizado no início do período chuvoso entre o mês de outubro a novembro. O solo deve ser solto e profundo para propiciar um bom desenvolvimento das túberas, podendo ser feito o plantio em leirão ou camalhão, utilizando tuberas-sementes inteiras ou partidas com peso entre 100 e 150 gramas.
Os espaçamentos mais utilizados são de 1,20 x 0,30 m (10.417 plantas/ha) ou 1,20 x 0,40 m (12.500 plantas/ha), adotado dessa forma por ser feito o eleiramento mecanizado. O preparo do solo exige aração a 30 cm de profundidade (para enterrar o mato) seguida de gradagem. Aplica-se o calcário em toda a área e incorpora com uma gradagem, seguido de niveladora.
Crescimento da planta
A prática de orientação do crescimento da planta de inhame é imprescindível para seu crescimento e desenvolvimento vegetativo, uma vez que se trata de uma espécie trepadeira e de caule herbáceo. Consiste em colocar, ao lado de cada planta, uma vara de aproximadamente 1,80m de comprimento e 2,5 cm de diâmetro, no momento do plantio ou quando a planta atingir 30 a 40 cm de altura, para enrolamento do ramo principal, evitando assim o seu quebramento ou contato direto com o solo, que pode provocar a queima da ponta do ramo, afetando o seu desenvolvimento.
DOENÇAS E PRAGAS
Um dos problemas que tem causado prejuízos na produção de inhame, em razão da pouca variabilidade genética das variedades de inhame em uso pelos agricultores, é a praga da Pinta Preta causada pela Curvularia spp, que é tão temida quanto à cigarrinha-das-pastagens está para a pecuária de corte, e o ataque de nematoides. A doença da Pinta Preta ataca e destrói as folhas e prejudica a planta e o nematoide ataca o tubérculo.
De acordo com o engenheiro agrônomo Geovane Tomiazzi Soares, a produção de inhame tem apresentado oscilação em detrimento do ataque da pinta-preta e do manejo inadequado.
pinta –preta
Doença causada pelo fungo Curvularia eragrostidis , responsável por grandes prejuízos à cultura do inhame. A presença do patógeno afeta seriamente a plantação, provocando a formação de manchas mais ou menos circulares e necróticas nas folhas e hastes da planta. Ocorre em regiões com alta umidade relativa do ar e com chuvas frequentes, normalmente, do quarto ao sexto mês do plantio.
Formiga cortadeira
As saúvas cortadeiras (Atta laevigatta) constituem uma espécie de f o r m i g a p e r t e n c e n t e à o r d e m Hymenoptera e família Formicidae, tendo ampla distribuição geográfica. E s t a s f o r m i g a s c a u s a m d a n o s consideráveis nos plantios de inhame, principalmente, em plantas novas. A formação do formigueiro ocorre na época das chuvas.
Broca do caule do inhame
A broca do caule do inhame (Xystus arnoldi) atacando a cultura. Quando ocorre o ataque dessa praga, observa-se o secamento progressivo do ramo p r i n c i p a l a c i m a d o colo , comprometendo o crescimento da planta e acarretando até sua morte.
Largata-da-folhagem
A lagarta da folhagem (Pseudo plusia oo) da ordem Lepidóptera e família Noctuidae é a principal praga nos cultivos de inhame. É um lepidóptero de coloração verde-claro, facilmente notada, pois acumula excrementos de cor negra. Os adultos são mariposas de hábitos noturnos.
PRODUTORES ANIMADOS
O produtor de inhame Antônio Bezerra, o popular “Gordo”, preside a Associação dos Agricultores Familiares e Produtores de Inhame de Alvorada do Oeste (AAFEPIA), fundada em 2011 e que agrega 35 associados. Este ano Antonio não lucrou com o inhame, sua produção que em 2015 foi de 40 toneladas caiu para 10 toneladas que é considerada pequena para quem está há nove anos na cultura.
Já o produtor José Alexandre dos Santos, o “Zé Branco”, é figura indispensável nos eventos sobre a cultura do inhame. Zé Branco mora na Linha 48 em Alvorada, é percussor da cultura e neste ano colheu 80 toneladas de inhame. “Eu comprei um trator e o inhame é que pagou ele, plantar inhame dá mais que qualquer cultura que você plantar. Na minha colheita chega a trabalhar até 25 pessoas”, orgulha-se o paulista de Presidente Epitácio, filho de sergipano.
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Fonte: www.correiocentral.com.br - fotos EMATER Alvorada d\\\'Oeste