Estamos prestes a entrar no período do verão. O sol forte, esperado por boa parcela dos rondonienses, é considerado o grande inimigo pela maioria dos produtores de leite. A produção cai, a reprodução desanda, o rendimento do trabalho diminui e o ânimo do produtor despenca.
Mas será mesmo que esta é a pior época do ano para produzir leite? Tudo na vida apresenta pontos positivos e negativos. Com o sol não é diferente. Seu grande ponto negativo é o calor e o seu grande ponto positivo é o calor!
Se analisarmos sob o ponto de vista da vaca leiteira, o calor é um grande inimigo, provocando efeitos negativos, como a diminuição no consumo de alimentos, conseqüente queda na produção de leite, redução na eficiência reprodutiva, com aumento de casos de repetição de cios e reabsorção embrionária, o que ocasiona piora do estado de saúde dos animais e maior incidência de problemas de cascos e mastite.
Se olharmos sob o ponto de vista da gramínea forrageira (pasto), o sol é um grande amigo, permitindo aumento considerável na produção vegetal.
Como enfrentar essa contradição? Existem três opções: deixar a atividade, mudar de região ou aprender a conviver com o calor. Considerando que você não optará pelas duas primeiras soluções, o aprendizado de convivência com o sol lhe trará imensa satisfação, demonstrando que o período de verão é a época em que o lucro com a atividade leiteira poderá ser maior do que na época de frio no Sul, seca na região central e chuvas no Nordeste do Brasil. Não é fácil, mas é possível.
A filosofia desse aprendizado é incentivar ao máximo o aspecto positivo e reduzir ao mínimo a característica negativa, ou seja, obter a maior produção vegetal possível e atenuar os efeitos do calor sobre as vacas. De que forma?
Para que o aproveitamento do sol seja maximizado pelas plantas não deverá haver fator limitante para o seu crescimento. Assim, não poderão faltar água via São Pedro ou irrigação e nutriente via adubos, corretivos, esterco ou resíduos.
Para que o efeito negativo do sol (calor) seja reduzido a níveis toleráveis, será preciso lançar mão de práticas de manejo, como:
- Livre acesso das vacas a áreas sombreadas, de preferência por árvores.
- Árvores que não tenham quedas de folhas em nenhuma época do ano, que cresça rapidamente e que não possua copas densas.
- Plantio de árvores em fileiras, no sentido norte-sul, para que a sombra se movimente de oeste para leste, ao longo do dia, permitindo que o sol reduza a lama.
- Rodízio nas áreas de sombra.
- Bebedouro de fácil acesso, com água de qualidade.
- Não mexer com animais nas horas mais quentes do dia (entre 10 e 16 horas- horário normal), deixando-os em áreas de descanso.
- Não tocar as vacas a cavalo.
- Alterar o horário da Segunda ordenha para o final da tarde/inicio da noite (pra quem ordenha).
- Abrir novos piquetes, sempre após a Segunda ordenha (final da tarde).
Outras práticas de manejo podem ser ajustadas a cada propriedade. Consulte um bom técnico. Ele saberá orientá-lo.
Autor: Taurino José Moreira, responsável pela Política Leiteira da INdústria Primalatte de Ji-Paraná- Rondônia
Foto: ilustração