Correio Central
Voltar Notícia publicada em 06/05/2017

ARTIGO PECUÁRIA LEITEIRA: VERÃO – BOM OU RUIM PARA PRODUZIR LEITE

Deve-se aprender a conviver com a contradição que o calor representa na produção de leite

 Estamos prestes a entrar no período do verão. O sol forte, esperado por boa parcela dos rondonienses, é considerado o grande inimigo pela maioria dos produtores de leite. A produção cai, a reprodução desanda, o rendimento do trabalho diminui e o ânimo do produtor despenca.

Mas será mesmo que esta é a pior época do ano para produzir leite? Tudo na vida apresenta pontos positivos e negativos. Com o sol não é diferente. Seu grande ponto negativo é o calor e o seu grande ponto positivo é o calor!

Se analisarmos sob o ponto de vista da vaca leiteira, o calor é um grande inimigo, provocando efeitos negativos, como a diminuição no consumo de alimentos, conseqüente queda na produção de leite, redução na eficiência reprodutiva, com aumento de casos de repetição de cios e reabsorção embrionária, o que ocasiona piora do estado de saúde dos animais e maior incidência de problemas de cascos e mastite.

Se olharmos sob o ponto de vista da gramínea forrageira (pasto), o sol é um grande amigo, permitindo aumento considerável na produção vegetal.

Como enfrentar essa contradição? Existem três opções: deixar a atividade, mudar de região ou aprender a conviver com o calor. Considerando que você não optará pelas duas primeiras soluções, o aprendizado de convivência com o sol lhe trará imensa satisfação, demonstrando que o período de verão é a época em que o lucro com a atividade leiteira poderá ser maior do que na época de frio no Sul, seca na região central e chuvas no Nordeste do Brasil. Não é fácil, mas é possível.

A filosofia desse aprendizado é incentivar ao máximo o aspecto positivo e reduzir ao mínimo a característica negativa, ou seja, obter a maior produção vegetal possível e atenuar os efeitos do calor sobre as vacas. De que forma?

Para que o aproveitamento do sol seja maximizado pelas plantas não deverá haver fator limitante para o seu crescimento. Assim, não poderão faltar água via São Pedro ou irrigação e nutriente via adubos, corretivos, esterco ou resíduos.

Para que o efeito negativo do sol (calor) seja reduzido a níveis toleráveis, será preciso lançar mão de práticas de manejo, como:

     - Livre acesso das vacas a áreas sombreadas, de preferência por árvores.

     - Árvores que não tenham quedas de folhas em nenhuma época do ano, que cresça rapidamente e que não possua copas densas.

     - Plantio de árvores em fileiras, no sentido norte-sul, para que a sombra se movimente de oeste para leste, ao longo do dia, permitindo que o sol reduza a lama.

     - Rodízio nas áreas de sombra.

     - Bebedouro de fácil acesso, com água de qualidade.

     - Não mexer com animais nas horas mais quentes do dia (entre 10 e 16 horas- horário normal), deixando-os em áreas de descanso.

     - Não tocar as vacas a cavalo.

      - Alterar o horário da Segunda ordenha para o final da tarde/inicio da noite (pra quem ordenha).

      - Abrir novos piquetes, sempre após a Segunda ordenha (final da tarde).

      Outras práticas de manejo podem ser ajustadas a cada propriedade. Consulte um bom técnico. Ele saberá orientá-lo.

 

Autor: Taurino José Moreira, responsável pela Política Leiteira da INdústria Primalatte de Ji-Paraná- Rondônia

Foto: ilustração

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