EDMILSON RODRIGUES - O modelo de gestão implantado pelo engenheiro agrônomo Sávio Andrade Carneiro Martins, 39 anos, na Fazenda Agromaza (Agropecuária Martins da Amazônia LTDA), que fica localizada no município rondoniense de Castanheiras, é destaque na atividade pecuária nacional como uma das mais eficientes e produtivas fazendas do País.
Em 2015, a Agromaza foi incluída no anuário da Revista Globo Rural “Melhores do Agronegócio 2015” e eleita a terceira do Brasil com maior rentabilidade, dentro de um rigoroso critério que avalia a organização da empresa, a margem da atividade, liquidez, dívidas a médio e longo prazo, fluxo de caixa, entre outros indicadores da dinâmica de desempenho da propriedade.
A Fazenda Agromaza compreende uma área com 11.500 hectares, sendo 50% formada por pastagens de capim Mombaça e braquiária e a outra metade é área de preservação; a propriedade tem como atividade principal pelo sistema semi-intensivo de produção a pasto a pecuária de corte (cria, recria e engorda) e complementação de ração, e explora a atividade leiteira com gado cruzado, produzindo hoje 1.000 litros/dia que é vendido a R$ 1,13 o litro.
Em 2005, a fazenda produzia 200 litros de leite, mas Sávio aumentou o rebanho e a produção, e afirma que a fazenda obtém um bom lucro com a atividade. Recentemente, foi implantada na propriedade a piscicultura e investido em 37.525m² de lâminas d’água em tanque escavado, atividade ainda não mensurada, pois a primeira despesca comercial será feita no final deste ano.
SUCESSÃO EM FAMÍLIA
Sávio Martins deixou a faculdade em 2001 após concluir o curso de agronomia, e em 2003 assumiu a administração da Agromaza que foi fundada na década dos anos 80 pelo avô Sávio Pereira Martins, 93, e depois administrada pelo pai dele, José Sebastião Carneiro Martins, 64. O primeiro passo foi reorganizar a propriedade que apresentava um passivo de R$ 6 milhões, o pecuarista decidiu utilizar apenas o fluxo de caixa gerado na fazenda e seis anos depois, em 2009, a Agromaza começou a criar saldo positivo.
SÁVIO MARTINS ASSUMIU A AGROMAZA 2 ANOS APÓS CONCLUIR CURSO DE AGRONOMIA
O pecuarista diz que foi preciso literalmente “fechar a porteira”, controlar o gasto de máquinas, estipular o valor do gasto interno, melhorar as acomodações dos funcionários e otimizar o sistema de produção e mensurar o custo/benefício de toda atividade da fazenda. Sávio adotou estratégias em várias frentes e primando pela economia, instalou uma fábrica de ração dentro da fazenda gerando economia hoje de até 38% em relação ao preço anterior. Ao final, ele criou um modelo de gestão com precisão de eficiência. “A pecuária como qualquer outra atividade é muito rentável, tal qual a agricultura. Nós precisamos medir pesquisar e executar as melhores alternativas. É uma evolução constante em busca de produzirmos rápido, agredindo minimamente o meio ambiente”, ensina. Na Agromaza, todo ano a produção aumenta sem a necessidade de desmatar.
MUDANÇA DE ESTRATÉGIA
A Agromaza teve vários ciclos de produção, mas de 1996 a 2003 a fazenda mantinha plantios de arroz. Ao assumir, Sávio contando com o auxilio do consultor pecuário e veterinário Mirivaldo Fernandes, padronizou o rebanho comercial adotando na propriedade o uso de sêmen de touros melhoradores pelo programa PMGZ da ABCZ nas novilhas para reposição de matrizes, dando ênfase a precocidade e carcaça na escolha de reprodutores. Ele conta que também seguiu rigoroso critério de uso para cobertura e seleção dos melhores animais, e a utilização de sêmen dos melhores touros Nelore PO selecionados pela ABCZ no acasalamento dirigido a um núcleo de matrizes nelore PO também registradas na ABCZ, para produzir animais superiores e de bom porte com objetivo de vender touros.
CRITÉRIO DE SELEÇÃO USA OS MELHORES ANIMAIS PELO PROGRAMA PMGZ DA ABCZ
A partir de 2010, a Agromaza passou a fazer a Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) em parte do rebanho para melhorar a escala de abate e obter o aumento da produção. Em 2012, o programa foi ampliado para todo o rebanho. No inicio era um abate a cada dois meses, hoje todo mês tem abate.
Em 2015, foi iniciada a adubação das pastagens, e o calcareamento na Agromaza visando o aumento da produtividade, mais um passo à frente que o pecuarista Sávio Martins pretende dar aumentando o rebanho atual de 8.000 cabeças para 14.000 animais mantendo a padronização e sem abrir mão da qualidade do rebanho, sempre utilizando a regra de juntar os dados financeiros e gerar indicadores de produtividade. Outra metodologia que ele não abandona: “Tudo que fazemos é com recurso próprio extraído da fazenda”. Atualmente a taxa de abate na Agromaza é de 30%, que dá media de 2.388 cabeças/ano.
AMPLIAÇÃO DE PRODUÇÃO E LUCRO
A estratégia de Sávio para aumentar o lucro da fazenda é produzir mais arrobas de carne por hectare/ano e com o emprego de genética top de linha acelerar o ganho em peso do gado, melhorar a ração complementar ampliando a produção de silagem de Monbaça para aumentar a produtividade e o rendimento. A Agromaza também está ampliando o sistema de semiconfinamento para intensificar a terminação de bovinos e atingir o peso desejado, mas o administrador, sempre cauteloso, diz que a ampliação dependerá de alguns fatores: “Vai depender do preço do milho, do farelo de soja. Vai ter ano que a gente vai fazer mais, tem ano que vai fazer menos”.
FAZENDA CONSTRUIU FÁBRICA PRÓPRIA PARA PRODUZIR ALIMENTAÇÃO EM ABUNDÂNCIA
PRODUÇÃO EFICIENTE
A Fazenda Agromaza realiza o ciclo completo, e mantém um rebanho de corte de matrizes Nelore PO e meio sangue Angus para produção de touros para uso interno e para venda. Pelo processo de IA a taxa de concepção dessas vacas é de 55%; as fêmeas meio sangue entram em reprodução com 14 meses, enquanto a Nelore entra com 22 meses. Existe um critério para uso desses animais para cobertura, e o excedente é comercializado.
A fazenda tem produtividade de 10 arrobas por hectare/ano, a taxa de desfrute é de 29%, taxa e fertilidade em torno de 88%, sendo 95% de multíparas, 90% nas novilhas e 80% nas primiparas. Essa performance se dá a partir de conhecimento de dados obtidos com informação de zootecnia, produção e financeira.
Os animais produzidos de sêmen de Angus de linhagem americana American Angus, fornecido pela CRI Genética Angus para cruzamento industrial com a raça Nelore, dá um touro preto de pêlo curto. Segundo Savio, na Agromaza o Angus atinge peso ideal com 18 a 22 meses, enquanto o Nelore demora de 25 a 30 meses. As novilhas Angus emprenham com 12 meses, ganho de sete a oito meses de precocidade em relação à raça Nelore, com o mesmo regime alimentar. Desse acasalamento a fazenda faz uma terceira cria do Bonsmara avermelhado de origem africana que vão ser abatido em confinamento.
RAÇA AMERICAN ANGUS CRUZADO COM NELORE ATINGE PESO IDEAL COM 18 A 22 MESES
Segundo Mirivaldo Fernandes, esses animais após a desmama são abatidos porque na hora que começa a parir ela atinge peso elevado e consome mais alimento. O veterinário define que em termos de eficiência a vaca tem que desmamar um bezerro de 45% do peso dela. A Nelore pesa 450 quilos e desmama bezerro com 250 a 300 quilos. Na fazenda entre os animais dentro do PMGZ é possível saber com precisão quais são os melhores de cada safra. Os animais com 20 meses são usados e depois a fazenda acaba vendendo. “A gente pega 30 touros utiliza em novilhas nelore, retém seis animais e vende o resto. Faz a seleção e descarta a vaca que não emprenha, vacas velhas com mais de 10 anos e as de performance ruim”, explica.
Sávio Martins diz que todo ano são descartadas 10% das piores fêmeas do rebanho com abate das novilhas ruins para melhorar o gado. “A gente passa o ultrasson, se está com o aparelho reprodutivo bom a gente seleciona”. O pecuarista utiliza o gado registrado para promover o melhoramento genético a partir da indicação da ABCZ usa a experiência e a tecnologia para identificar os melhores produtos.
Sávio Martins se entusiasma ao falar do desempenho de sua propriedade, mas mostra humildade ao dividir o mérito com sua equipe, principalmente falando dos funcionários da fazenda que são valorizados. Na Agromaza não há registro de litígio judicial entre patrão e funcionário: “São eles que fazem o sucesso da fazenda, é uma equipe bem motivada sobre a responsabilidade do gerente, o técnico agrícola Ildásio Nascimento Costa”, justifica Sávio.
Por fim, o pecuarista diz que continua focando em promover a verticalização da produção na fazenda e produzir mais sem desmatar, utilizando toda a tecnologia disponível visando alcançar lucratividade competitiva com ferramentas baratas e recursos disponíveis.
FUNCIONÁRIOS QUE FAZEM O SUCESSO DA FAZENDA GANHARAM MORADIAS NOVAS
Fonte: www.correiocentral.com.br - fotos Edmilson Rodrigues